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Na passada semana, a direcção do Público tomou uma iniciativa que corre sério risco de vir a figurar entre os mais bizarros episódios da imprensa portuguesa.
No final de um artigo de Isabel do Carmo (IC) criticando a política israelita em geral e o ataque ao Líbano em particular (de resto, em resposta a afirmações anteriores, visando a autora, da habitual colaboradora do jornal Ester Mucznik), estampou a gazeta a seguinte nota: "NR - O Público não alterou a grafia deste texto, designadamente o facto de a autora escrever Holocausto com caixa baixa."
É evidente que o que subjaz à nota do Público é IC ter escrito holocausto e não Holocausto, ou seja, ter iniciado com letra "minúscula": o jornal parece ter a concepção da imensa relevância da primeira letra como critério formal de valorização! Escre- ver "holocausto" é estar com o Hezbollah, grafar "Holocausto" é estar com Israel e a Administração Bush!... Mas porque é que se usa o elusivo "caixa baixa"?...
Daria pano para mangas reflectir sobre esta concepção litúrgica e sacralizante do uso da maiúscula, mas a nota coloca ainda outra questão: é evidente que a direcção do Público pretende tornar claro que não subscreve aquilo que no seu exclusivo entender significa o facto de IC ter utilizado minúscula. Ora, por esta ordem de razões, o jornal teria de estar constantemente a fazer notas semelhantes esclarecendo "não ter alterado a grafia" aos azedos e reaccionários insultos de Vasco Pulido Valente, às reflexões que levam Esther Mucznik a considerar terrorista toda a gente que não pensa como ela e por aí fora!
A vantagem, entretanto, é que fica a saber-se que para incomodar aquele jornal basta uma pequena entorse na ortografia e escrever a grandíssima ofensa de que se trata da Folhinha dirigida por josé manuel fernandes... Ruben de Carvalho

4 comentários:
Esse plagio ao Pacheco Pereira começa a irritar-me.
"Este" por acaso até é dos que me irrita menos, descansa que o resto me irrita como o caraças. Não é por acaso que a brincadeira saiu do lado de cá.
Mas neste caso quem eu queria plagiar mesmo era o Ruben de Carvalho.
Confesso que quando delineei o post na minha cabeça ainda era para fazer mais uma graçola.
Acho que o Ruben de Carvalho em certos aspectos é exactamente o oposto do Pacheco Pereira, não é o caso. O Pacheco Pereira em certos aspectos faz uma ginástica do caraças para dizer certas coisas, o Ruben de Carvalho quando tem alguma coisa a dizer diz.
Enfim, más companhias.
É uma questão de livro de estilo...
É verdade AA, e eu tive o cuidado de conferir isso antes de escrever o post, mas a atitude do redactor não deixa de ser da mais refinada sabujice.
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