9 de novembro de 2006

ainda o aborto

Eu sinceramente continuo sem perceber porque é que ao embrião deve ser dada protecção jurídica logo após a fecundação.

Outra coisa que eu continuo a não perceber é porque é que os adeptos do sim insistem em discutir sistematicamente o problema do ponto de vista da mãe. Ou já agora dos pais. É que para mim havendo boas razões para abortar, não acho que o "aborto por razões económicas" seja aceitável excepto nas mais extremas condições. Por outro lado os adeptos do não insistem em ver o problema do ponto de vista do embrião ou da futura criança e adulto.

No caso do aborto eugénico, que é o que mais me interessa, acho que seria hipócrita negar que ter um filho deficiente obriga os futuros pais a uma série de sacrifícios. Tendo eu vivido com uma pessoa deficiente durante quatro anos seria hipócrita não o reconhecer. É no entanto preciso clarificar que pais competentes, e com disponibilidade suficiente, podem assegurar ao filho qualidade de vida e uma adequada integração social. Isso não quer dizer que o sofrimento inerente à condição das pessoas portadoras de deficiência seja totalmente evitável numa sociedade como a nossa.

14 comentários:

Unknown disse...

Pois... é uma opinião. Mas as opiniões são todas válidas. O que realmente interessa é discutir o assunto.
Beijo!

Anónimo disse...

Vera:

A opinião é obviamente livre, eu é que sou um bota de elástico.

Ana:

Faltou falar na objecção de consciência que eu sei que é um assunto que te é grato.

cristina disse...

Já é gente a mais a falar no aborto eugénico, que eu, ignorante do significado da coisa, fui ver o que me dizia o dicionário...

eugénico - relativo à eugenia
eugenia - ciência das condições que melhor podem favorecer a reprodução humana e o aperfeiçoamento da raça.

Ora bem, vistas as coisas deste modo, parece-me mal, muito mal; assim qualquer coisa ao estilo da purificação ariana - mal, muito mal! Por isso, espero que o aborto eugénico que tanto se discute não seja nestes moldes... Será que as preocupações psicologico-emocionais e económico-materiais são apenas um disfarce (consciente ou não) desta história de aperfeiçoamento da raça?... Não são, pois não?...

Anónimo disse...

Cristina:

Eu acho que aqui há duas ou três coisas em jogo.

Primeiro eu se tivesse um filho deficiente não teria problema nenhum em me pôr ao dispor para o criar, com tudo o que isso pode implicar de sacrifício para mim, e pode implicar muito.

Eu não sou daquelas pessoas que diz que não seria capaz de trazer um filho ao mundo nesta sociedade. No caso de um filho deficiente eu acho que ele pode ter que sofrer muito devido à discriminação, e eu não sei se sou capaz de tomar responsabilidade por esse sofrimento.

Anónimo disse...

A decisão de se ter ou não um filho portador de deficiência grave, não deverá ser discutido à luz da capacidade, ou não, dos progenitores da educação do mesmo. Mas sim do que essa deficiencia implica para a vida dessa criança.

Anónimo disse...

su:

Eu acho é que tenho que começar a fazer como tu, pôr a viola no saco.

Anónimo disse...

Pois... era o que deveria ter feito. Mas desta vez não resisti. Mas devia tê-lo feito...

Unknown disse...

Mas referes-te ao teu primeiro comentário, ou à nossa conversa no outro dia?

cristina disse...

Sim, há sempre diferentes pontos de vista: os pais que criam, a criança que sente e ainda a sociedade que acolhe (ou não)... Reconhecer a existência dessas visões é importante e é de fato o primeiro passo, mas (como referiu a vera) não chega... Não podemos eternamente analisar a coisa separadamente de cada um dos três lados. Em lgum ponto eles terão de se juntar...

ps: E pronto, cá vamos nós outra vez... Pode-se saber o que toca essa viola?...

Anónimo disse...

ultimamente anda a fazer um bocado ruido, quando é assim gosto de lhe dar algum sucego ... até porque o ruido da viola ainda se propaga para os leitores aqui do tasco que não têm culpa de nada.

P.S.: O ponto de vista da criança é sempre complicado de avaliar, a criança quando está na barriga da mãe tende a não conseguir falar nas ecografias. E mesmo que dissesse que não queria nascer eu não sei se o mais sensato não seria assumir que ela não estava lá muito bem da cabeça.

cristina disse...

Pior que não discutir é desconversar... E tu para isso tens muito jeito!

PS: sosseguem-se então as coisas...

Anónimo disse...

Não é necessáriamente desconversar ... agora vou mesmo meter a viola no saco, não quero que esta coisa se transforme no blogue da coitadinha ...

Sunshine disse...

Não sou a favor do aborto no entanto não sou a favor de acabar com ele.
Eu acredito que existem nascimentos que são piores que a morte... existem pessoas que não nasceram para ser pais. Existem motivos por qual só a mãe conhece porqué terá que cometer um homicidio... afinal o seu crime vai lhe acompanhar o resto dos seus dias na sua consciência... talvez melhor do que ter mais uma criança esquecida, abandonada, jogada, perdida, revoltada...
Afinal quantos dos milhares de pedidos de adopção são sucedidos?... é melhor nem olhar para os números.
Não era capaz de abortar mas também não sou capaz de roubar essa decisão a alguem a não ser que eu tivesse capacidade de resgatar essa criança.
È num poder que não me pertence

Anónimo disse...

sunshine:

Gostei do teu comentário.

Chamaria particular atenção para o comentário que fez relativamente à adopção, porque de facto os noticiários também não são tranquilizantes nessa frente. Se a família poder entregar a criança a uma pessoa ou instituição de confiança de preferência continuando a acompanhar a criança isso parece-me obviamente preferível ao aborto.

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