18 de julho de 2007

Vamos lá ver se nos entendemos (post editado)

(Gostaria de voltar a este assunto, quando tiver tempo, não só pela discussão que se gerou na caixa de comentários, mas também porque me chegaram reacções em privado de uma leitora regular deste blogue.

Chamo atenção para o facto de no post original não ter incluído o comentário do Santiago na integra. Faço também notar que os números apresentados não são do Santiago, mas dum relatório do OCES, que eu confesso não ter lido.

Estas discussões sobre remunerações são por natureza intermináveis; mas valem pena, quanto mais não seja, para perceber os pressupostos dos vários interlucutores. Eu estou a dizer isto mas nem discordo do sentido geral daquilo que o Santiago disse, por razões que espero vir a explicar.)

Olh
a... estive aqui a fazer umas contas "nas costas de um envelope" e saíu isto (o OCES há muito tempo que não tem comparações internacionais interessantes, por isso só consegui comparar o ano de 2001. A julgar por este relatório a situação em Portugal só pode ter melhorado... nas outros países é o que se sabe...):

Despesa pública de I&D percapita do pessoal total a trabalhar em I&D (ano 2001; valores em Euros)

PT 37 867
BE 24 983
DE 25 605
FR 37 905
NL 30 637
GR 13 703


Correndo o risco de escandalizar todos os bolseiros, atrevo-me a dizer que, neste caso particular, o Sentieiro até tem razão...

Comentário do Santiago no Avesso do Avesso

Vamos lá ver se a gente se entende, que assim nunca mais chegamos a sindicalistas:

Postulado número 1: Portugal é o país da Europa em que o investimento per capita em ciência é menor.
Postulado número 2: Portugal é o país da Europa em que os bolseiros são mais mal pagos.
Postulado número 3: Portugal é o país da Europa em que os professores universitários são mais mal pagos.

Da malta da carreira de investigação nem falo.

3 comentários:

Santiago disse...

Eh pá! Isto é uma provocação, não é? Reajo com todo o gosto...

Postulado nº 1 está errado... (Grécia é Europa, não é?)
Postulado nº 2 está errado... (UK, que tu conheces tão bem, é Europa não é?)
Postulado nº 3 (que não me parece importante, d'ailleurs): Não sei (felizmente), mas garanto que um maître de recherches (Prof. Auxiliar, mais coisa menos coisa) com 10 anos de carreira ganha, aqui em França, menos que um post-doc dessa grande "vaca cheia de tetas" chamada FCT (tem contrato, paga impostos e segurança social - olha que grande gozo eles devem ter...)...

Com 2 de 3 postulados (pelo menos) errados, extraíste uma conclusão correcta: Da carreira de investigação não há nada a dizer!

Valia a pena discutir isso.

Porque é que Portugal não quer contratar investigadores de carreira, mas só "miúdos" que, mesmo aos 35+ anos, aceitam posições de post-doc da vaca leiteira de que falei acima? A culpa não é também dessa gente (repito: Com 35+ anos) que aceita posições que até os gregos achariam humilhantes?

Unknown disse...

"Postulado nº 2 está errado... (UK, que tu conheces tão bem, é Europa não é?)"

Pois ...

O post é uma provocação, mas é também uma denuncia, porque eu, ainda há pouco tempo, recebi um email em que o postulado nº 2 era usado como argumento para pedir o aumento das bolsas em Portugal.

Dá vontade de rir. O Presidente da FCT só não se ri porque na posição dele não pode.

Em Portugal há muita gente (de todas as idades) que aceita muita coisa. Se calhar tem um bocadinho a ver com aquela história que os Moçambicanos contam dos cabritos terem que comer onde estão amarrados.

sabine disse...

«Em Portugal há muita gente (de todas as idades) que aceita muita coisa. Se calhar tem um bocadinho a ver com aquela história que os Moçambicanos contam dos cabritos terem que comer onde estão amarrados». Precisamente, Luis! Agora os bolsistas sao culpados por nao poder pagar as suas contas? Essa é nova!

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