14 de janeiro de 2007

da inviolabilidade da vida e do radicalismo pró-vida

"A vida começa no momento da concepção, assim sendo o facto de um feto ter sido concebido no acto de uma violação não justifica a interrupção voluntária da gravidez."

Esta frase está entre aspas, mas não é uma citação fui eu que a escrevi. Podia no entanto ter sido escrita por algumas pessoas, ainda se lembram do padre que disse que "é preferível contagiar a SIDA a usar o preservativo."?

Nas entrelinhas destas frases sinto que a SIDA e a gravisez após uma violação (com o sofrimento que lhes está associado) são por alguns consideradas justas penalizações para espiar o pecado sexual. Se no caso do uso do preservativo isso é claro, admito que no caso da violação isso não seja tão claro. Conheço no entanto um caso de uma mulher que foi violada na Covilhã que ao ser atendida pela polícia foi repreendida por andar sozinha na rua à noite ...

No caso de uma violação o mais acertado é sem dúvida o uso da pílula do dia seguinte, no entanto isso nem sempre é possível porque agumas mulheres vítimas de violação optam legitimamente por não serem vistas por um profissional de saúde logo asseguir ao crime. Nesses casos é necessário recorrer ao aborto, que de resto é legal no contexto da actual lei.

Se é certo que de um ponto de vista ético é preciso considerar a dor e o hipotático sofrimento do feto no acto do aborto, por outro lado não é de todo eticamente aceitável não pesar o sofrimento da mãe numa situação destas. Para que lado penderá a balança?

Será necessário estudar a frequência do suicídio materno nestas situações?

7 comentários:

cristina disse...

«agumas mulheres vítimas de violação optam legitimamente por não serem vistas por um profissional de saúde logo asseguir ao crime»

- Esse «legitimamente» está aí apenas por não ir contra a lei, certo? Pois não é, de todo, algo racional...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

A simples existência de vida não implica que ela tenha de ser respeitada. Caso contrário ninguém matava uma mosca que estava a aborrecer. Ou desinfectava a cozinha para matar micróbios.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Unknown disse...

Cristina, a atitude não é de facto racional, e seria desejável que a interrupção da gravidez fosse feita tão cedo quanto possível.

É uma boa pergunta, eu pensei nisso quando escrevi o texto. A questão é a seguinte: porque é que, se somos todos assim tão racionais, este é um dos exemplos clássicos da aplicação do da IVG, que, se a memória não me falha, é contemplado na actual lei?

Isto tem mesmo muito que se lhe diga porque a violação pode ter lugar em muitos contextos. Se calahr ainda venho cá dizer mais qualquer coisa.

abrunho disse...
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Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
abrunho disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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