31 de maio de 2005

provérbios de uma pessoa que eu cá sei ...

enquanto houver língua e dedo não há mulher que me meta medo

30 de maio de 2005

"Pergunta o pai à mãe:

Se ele preparou o doutoramento todo de pijama, por que é que teve de levar fato escuro para a defesa da tese?"

[in melancolico]

Subsidiodependente até no título da tese

"Subsídios para a compreensão dos subsídios em Portugal"

[post extraiodo do melancolico]

Can you spare 20p for a bus?

Equalite? Fraternite? Oui Equalite et Fraternite mas non tropo!

Novos isolacionistas?

A perola

[via A praia]

Uma Inglaterra que já não é?
João Carlos Espada
Expresso, 30 de Abril de 2005

Profundo sentido de decência «William Deakin representou a Inglaterra que todos nos habituámos a admirar. Uma Inglaterra livre e ordeira, orgulhosa mas discreta, polida e gentil, uma Inglaterra, sobretudo, com um profundo sentido de decência. Numa palavra, William Deakin representou uma Inglaterra que já não é.»
Estas foram as palavras emocionadas de Lord Dahrendorf - cidadão britânico, ex-ministro alemão e ex-comissário europeu da antiga República Federal da Alemanha - na cerimónia de homenagem do St.Antony's College, de Oxford, ao seu fundador, recentemente falecido, William Deakin.
No vasto salão do colégio, um longo silêncio envolveu as centenas de participantes na cerimónia. E as palavras de Dahrendorf ecoavam pesadamente sobre nós: «An England with a deep sense of decency. An England that no longer is.»

25 de Abril na velha Inglaterra Comemorei os 31 anos da nossa democracia na velha Inglaterra, com um grupo de mestrandos e doutorandos do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa que estudaram ou ainda estudam em Oxford, ao abrigo de um programa de intercâmbio entre aquelas universidades - um programa, por sinal, muito raro na Universidade de Oxford.
Na sexta-feira, 22 de Abril, jantámos e pernoitámos no Oxford and Cambridge Club, de Londres. No sábado de manhã, visitámos os Cabinet War Rooms e o Churchill Museum. À tarde, já em Oxford, assistimos à homenagem a William Deakin, no St. Antony's. Ao jantar, no Old Bank Hotel, da High Street, discutimos intensamente pela noite dentro «a Inglaterra que já não é» - ou, talvez, o Ocidente que já não é.
No domingo, tomámos o autocarro para Blenheim, o palácio dos duques de Malborough, antepassados de Winston Churchill. Foi neste berço grandioso - talvez excessivamente grandioso para o gosto discreto inglês - que Winston nasceu, por acaso e prematuramente, a 30 de Novembro de 1874.

A glória do jardim Foi uma prolongada visita à velha Inglaterra. Aquela que, como recordou Dahrendorf, nos habituámos a admirar enquanto símbolo da democracia, da liberdade ordeira e, de novo Dahrendorf, de um profundo sentido de decência.
É inútil tentar definir este profundo sentido de decência na linguagem racionalista das ideologias modernas. É mesmo possível argumentar que o apogeu das ideologias na mente moderna é o que subjaz à erosão da Inglaterra de Dahrendorf. Ao contrário das ideologias modernas, a velha Inglaterra não se dá a conhecer em teorias abstractas alegadamente assentes em premissas racionalmente demonstradas. Ela revela-se gradualmente apenas àqueles que sabem ser tocados por ela - e que procuram então descobri-la, sem querer dominá-la com teorias abstractas. Rudyard Kipling captou em boa parte este mistério:

«Our England is a garden that is full of stately views,
Of borders, beds and shrubberies and lawns and avenues,
With statues on the terraces and peacoks strutting by;
But the Glory of the Garden is more than meets the eye.»

A erosão das maneiras Se há um aspecto onde a erosão da Inglaterra de Dahrendorf é hoje visível a olho nu é, sem dúvida, o das maneiras. Até no Oxford and Cambridge Club, alguns sócios protestam - até agora apenas com êxito ao pequeno-almoço - contra a obrigatoriedade de usar casaco e gravata. Edmund Burke insistia que «as maneiras são mais importantes do que as leis. Delas dependem, em grande parte, as leis. A lei toca-nos apenas aqui e ali, de vez em quando. As maneiras é o que nos agride ou conforta, nos corrompe ou purifica, nos degrada ou enobrece, nos barbariza ou refina, através de uma operação constante, firme, uniforme e insensível, como o ar que respiramos. Elas dão toda a cor e forma às nossas vidas. Consoante a sua qualidade, elas ajudam a moral, fornecem-na, ou então destroem-na completamente».

Ditadura relativista Na segunda-feira, 25 de Abril, de novo em Londres, participei num almoço-debate sobre a eutanásia no «think-tank» Politeia. As palavras de Dahrendorf, ausente neste debate, ressoaram de novo na minha memória à medida que o debate se desenrolava. A maioria dos presentes mostrava-se muito preocupada com o subtil crescimento de «uma cultura de morte» que hoje banaliza e tenta destruir o que antes era um absoluto moral: o respeito pela vida. Um dos intervenientes - que, de acordo com as «Chatham House Rules», não estou autorizado a identificar - foi mesmo ao ponto de dizer o seguinte:

«A banalização da vida é o primeiro passo para a banalização do mal. Os alemães que se recordam do nazismo sabem isso muito bem, e não é por acidente que na Alemanha existe uma enorme resistência à legalização da eutanásia. Se a eutanásia é hoje apresentada como banal pelos 'media', isso deve-se à feroz destruição dos nossos padrões morais que tem sido operada pela nova ditadura politicamente correcta: a 'ditadura do relativismo', se os cavalheiros me permitirem citar o novo Papa da Igreja católica romana.»

Secularistas evangélicos O que se seguiu foi um pouco surpreendente. Não só os cavalheiros permitiram que o Papa Bento XVI fosse citado, como vários intervieram depois para o citar. «O relativismo está a destruir o Ocidente, porque prega a equivalência de todos os padrões morais, impedindo a discussão sobre os padrões. Não foi nesta Inglaterra relativista que eu fui educado», disse um dos cavalheiros com energia. «Na verdade, estamos submetidos a uma ditadura dos 'media' politicamente correctos: se alguém fala em moral, para nem dizer em religião, acusam-no de fundamentalista e extremista, e ele é obrigado a calar-se. É acusado de fundamentalista evangélico, mas, na verdade, o que hoje temos é secularistas evangélicos que proíbem a discussão da moral e da religião na praça pública.»

29 de maio de 2005

Eva Green

Nao e que esta senhora toma cafe no mesmo sitio que eu ...

piada de merda

28 de maio de 2005

Caes e gatos ...

... pelo Puto Paradoxo

"Antecipo para os Putos um texto que pensava escrever no Límpida. É um case study. É um exemplo. Dá-se o acaso de, como se anuncia no título, ser um taxómano, ou seja, maníaco por taxinomias. Simplificando, tenho a mania. Melhor dizendo adoro classificações. A classificação, a distinção, a ordenação são as operação intelectuais que mais me estimulam. São o espelho da razão: podem servir para muita coisa mas sem um fim interessante (ou com um fim desviante) não servem para nada. Era disto que falava Kant quando escrevia sobre as antinomias da Razão (este texto, sim, é que deixarei para o Límpida).

E, até agora, nada de cães e de gatos. Vamos a isto. A razão da antecipação, antes de mais, tem que ver com dois posts. Primeiro do Alexandre, depois da Sofia . É que o Alexandre e a Sofia falam de Cães e Gatos. Eu pretendo falar-vos dos donos dos mesmos. Vamos a isto. Aqui começa a taxomania. É que um bom taxómano, quando não existe uma classificação, uma relação, inventa! E eu há já vários anos (e suspeito que é ideia partilhada por muitos) que creio que os donos de gatos são pessoas com dadas características e os donos de cães, com outras, contraditórias. Como Cães e Gatos. Urge esclarecer, urge informar. Por isso vão sendo horas de, claramente se perceber qual o perfil psicológico do amante de gatos e de cães. E dilucidar alguns mitos... E isto aplica-se mesmo a quem não tenha cão ou gato. Todos somos, de acordo com o bom princípio da taxomania, sujeitos a classificação.

É preciso compreender os animais em questão para perceber o que atrai os seus donos - qual é o tipo?

Comece-se pelo cão. O cão está sempre lá. É incrível. Está sempre lá. Comece-se pelo sentido figurado e esta afirmação não falha. O cão é o melhor amigo do homem. Pois é. O cão pode até correr risco de vida pelo seu dono. O cão é gregário. O cão é o verdadeiro animal de companhia. O cão tem um psiquismo simples. Obedece.

O dono típico de um cão quer companheirismo. Quer disponibilidade. Quer alguém com quem possa tão depressa correr pela praia como sentar-se a ler um livro com os pés sobre o pelo fofo. O dono de um cão não está para se chatear com psicologias, prefere ter de ir à rua, de vez em quando, passeá-lo. É um momento de descontração, pensa-se na vida. O dono do cão tem um perfil psicológico jovial, simples, sem complicações. Quando há excepções a esta regra ou se desapegam e fartam do seu cão ou infligem-lhe todo o tipo de torturas. É certo como o destino.

O gato é um animal independente. É um ser profundo, meditativo. Um pouco neurótico. O gato, em boa verdade, não tem dono. Tem alguém que o alimenta, que cuida dele e que ele não acha, excessivamente chato. O gato não é um ser gregário. É um individualista. Gosta dos outros, gatos e não gatos, mas com calma. Profundamente. Nada de grandes extravagâncias. Há que ser discreto, sensual. Erótico. Até que deixe de ser tempo de o ser. Um gato é um ser determinado, quando as coisas não vão por bom caminho há que partir a loiça toda (por vezes, como saberão os donos de gatos, literalmente). O gato respeita a solidão. Nunca aparecerá com um osso na boca para brincarmos com ele. Aliás, ninguém brinca com um gato. Nós é que brincamos com eles porque eles, nessa altura, estava francamente entediados. É uma sorte para o gato ter um dono por perto. O gato é um ser de silêncio (exceptuado o cio, bem entendido) ao contrário do cão que é um ser do som. Logo aqui se separam os tipos psicológicos dos donos, criando por vezes grandes problemas. Mesmo o típico e desejado som dos gatos é um som erótico, cúmplice do silêncio. Ronrona, bebé, ronrona... grrrau! Mas divago.

Já há quem tenha dito que quem tem um gato é neurótico. É verdade. Os donos dos gatos são os principais consumidores desses tipo de perturbação. Os donos de cães são muito mais básicos do que isso, preferindo, regra geral, não fruir de patologias psicológicas passando imediatamente para a violência ou boas e velhas doenças do foro físico. O dono de um gato é um ser, tal como o seu gato, meditativo. Pode não o saber mas é. E se o não descobrir a vida com o seu gato poderá ser bastante complicada. O dono de um gato quer algo mais refinado que o dono do cão. Este quer companhia, pura e dura, sem chicuelinas. O dono do gato, que o trate como gato, pois há quem tenhas gatos e os trate como cães, quer partilha. Não precisa de ser uma coisa pegajosa e exigente. Não. É uma coisa espiritual, profunda. O dono do gato, em bom rigor, é um acólito do gato. Todos os gatos são deuses. Ser dono de um gato é uma maneira de ser religioso sem ortodoxia, ser fiel sem liturgia. O dono do gato vive numa tensão entre o respeito pelo espaço, pelo espaço íntimo tão difícil de partilhar e a grande vontade de se dar ao mundo. Neste caso, ao gato.
[...]" Puto Paradoxo

27 de maio de 2005

Numa caixa de comentarios

"Abaixo os organismos de cúpula.
Vivam os orgasmos de cópula!"
frente guevarista libertaria

quem sera este senhor(a)?

post a moda da loura II - a temperatura m'axima para Londres hoje sao 29C

post a moda da loura

nao ha nada melhor que acordar de manha e descobrir que nao ha cafe - e melhor ir comprar.

puta que os pariu

26 de maio de 2005

coisas que se aprendem no statcounter.com

1)que tenho um(a) leitora obecessivo(a) (eu ate aposto que e uma leitora e que estive a trocar mail com ela a tarde toda - do email do college - eu nao tenho mesmo pudor!!!)

2)que os comentarios no blogue de esquerda nao tem resposta mas rendem leitores!!!

25 de maio de 2005

Eu uma vez sonhei

Eu uma vez (quando tinha 20 anos e vivia há pouco tempo em Lisboa)
sonhei que era um pássaro a aprender a voar. E que tinha os meus pais
(pássaros) a olharem para mim a partir do ninho.

Uma posta ...

... da loira simplesmente fantastica que atravessa a barreira dos sexos.

Prémio Enganem-me Que Eu Mereço

"Ela perguntou:
- a senhora aceita cheques sem cobertura?
ao que eu respondi:
sim, aceito" blond_girl

24 de maio de 2005

O reino de Deus

"Deus é o único ser que, para reinar, nem precisa existir" Baudelaire

O medo e a coragem

"Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem" Sartre

O medo

"O medo da morte é mais cruel do que a própria morte" Siro , Púbio "Sentenças"

Nem todos ...

"Alguns cessam de viver antes de começar a viver" Séneca

A vida e a coragem

"A morte é o final a que chegam todos os homens e que não se pode evitar com a precaução de ficar fechado em casa. O homem de coragem deve entrar nas empresas com uma confiança generosa e opor a todas as desgraças que o céu lhe envia uma coragem invencível" Demóstenes

Juizes

"O bom juiz não deve ser jovem, mas ancião, alguém que aprendeu tarde o que é a injustiça, sem tê-la sentido como experiência pessoal e ínsita na sua alma; mas por tê-la estudado, como uma qualidade alheia, nas almas alheias" Platão

meritocracias

"A mais injusta condição das guerras está no facto de que todos se atribuem o mérito das proezas, enquanto as derrotas são sempre atribuídas a uma única pessoa" Terêncio

Guerras ha muitas

"Em época de paz, os filhos enterram os pais ...

... em época de guerra são os pais que enterram os filhos" Heródoto

"O homem que criou a ideia de Deus ...

... foi um génio" Eurípedes

a ardua busca pela sabedoria

"Tendo-lhe dito Empédocles que é impossível encontrar um verdadeiro sábio, (Xenófanes) respondeu: 'Não sem razão, pois já é preciso ser sábio para poder reconhecê-lo'"

O behaviourismo por Sócrates

"Aquele a quem a palavra não educar, também o pau não educará" Sócrates

A sabedoria e o bom senso

"Fala como sábio a um ignorante e este te dirá que tens pouco bem senso" Eurípedes

Monday, Monday ...

Churchill e a Europa em 1947

Eis o que encontrei num blogue de outro londrino

"Aqui ficam mais uma palavrinhas com grande eco na actualidade de Sir Winston:

But what is Europe now? It is a rubble-head, a charnel-house, a breeding-ground of pestilence and hate. Ancient nationalistic feuds and modern ideological factions distract and infuriate the unhappy, hungry populations. Evil teachers urge the paying-off of old scores […] Is there to be no respite? Has Europe’s mission come to an end? […] Do we imagine that we can be carried forward indefinitely upon the shoulders – broad though they be – of the United States of America? […] This is the supreme opportunity, and if cast away, no one can predict that it will ever return or what the resulting catastrophe will be. […] There are several bodies which are working directly for the federation of the European States and for the creation of a Federal Constitution for Europe. I hope that may eventually be achieved."

United Europe, Londres, 14 de Maio de 1947

Com esta merda da blogosfera ainda me torno mesmo anglofilo

19 de maio de 2005

17 de maio de 2005

De faca e alguidar

[qualquer semelhança com a realidade e' pura ...]

A: Calma la eu não disse que ela me foi infiel - só a apanhei ao telefone com outro gajo ...

Eu: Então mas porque e que lhe deste uma facada?

A: Porque gostava dela!

Um mes de blog

Como diria o outro:

"[O' blog] Quem es tu? Donde vens? E [especialmente] para onde vais?"

15 de maio de 2005

A proposito de Kurt Cobain

"Depende de quem define uma coisa e outra. Mas, no fim, nada é absurdo como parece para aquele que morre: nem a sua própria morte, que quem morre não conhece porque está irremediavelmente fora de si." Pedro Mexia

Lya Luft

«Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem.» Lya Luft

Valha-me Nossa Senhora de Fatima

Born again atheist



Prosseguindo a natureza tola deste sábado, nomeio o 14 de Maio em Portugal como dia oficial dos cristaos renascidos. [post do Joao Mac Donald no Barnabe]

14 de maio de 2005

The gorgeous treat you can eat


I was looking for that for a long time in a format that I could post.

A Insutentável Leveza do Ser

Uma discussão interessante na linha daquilo que e dito pelo Pedro Mexia no meu post anterior esta presente na Insustentável Leveza do Ser de Milan Kundera quando discute o conceito de privacidade de Sabina. [Nisto dos nomes de certas personagens há coincidências interessantes]

Que fique claro que eu não gosto muito do livro. Por varias razoes:
1) Embora ele no livro critique muito (uma certa interpretação de) Nietzsche eu penso que essa e uma das ditas atitudes hipócritas (e eu não sou o único a pensar assim).
2) O Thomas não e um homem e uma caricatura de um certo estereotipo masculino como de resto Tereza e também a caricatura de um certo estereotipo feminino.

Para perceber o ponto 1) e favor reler o post do Mexia.

[Para me lembrar do nome de algumas personagens tive que voltar a folhear o livro. Reparo que começa justamente referindo Nietzsche numa discussão em que explica o significado da palavra leveza no titulo do livro]

Ideologias publicas vícios privados

Ainda do Pedro Mexia:
(o acontecimento que motivou o post torna-se claro no fim, mas não e por isso que eu o reproduzo aqui)

Umas caixinhas muito arrumadinhas

"Estou absolutamente perplexo com o que alguma gente esclarecida tem escrito sobre a necessária «coerência» entre a moralidade privada e a ideologia política. Essa argumentação não dura dez minutos. Quase não existem pessoas coerentes na sua vida privada com os valores que (convictamente) defendem. Eu sou católico, e conheço bem o universo de hipocrisia que é o catolicismo. Mas também sou amigo de pessoas declaradamente progressistas, que me dizem e confessam toneladas de sentimentos e episódios nada progressistas. Eu próprio me considero conservador, e tenho escrito coisas francamente menos conservadoras que alguns blogues progressistas (para me ficar pelo escrito). A incoerência é normal, inevitável, e não tem mal nenhum. Ninguém é coerente. Excepto talvez uns monstrozinhos. Há com certeza casos flagrantes em que a hipocrisia tem interesse público (o televangelista que vai às putas), mas apenas porque os próprios se arrogam o direito de vigilantes da hipocrisia alheia e fazem disso uma arma política. Pela minha parte, sei que a moralidade privada é um território completamente à parte, mesmo porque raramente obedece (digamos assim) à mesma área do cérebro do que a ideologia. Quando começou o escândalo Casa Pia, começaram pessoas a «pôr as mãos no fogo» por outras pessoas. Escrevi na altura que não se pode «pôr a mão no fogo» por ninguém. Nós não conhecemos o que vai dentro da cabeça das pessoas. Não sabemos do que as pessoas gostam. Do que são capazes. Não sabemos sequer do que gostamos ou somos capazes. É muito engraçado ver pessoas (e pessoas supostamente progressistas) a fazerem discursos morais (e sexuais) com tudo metido em caixinhas muito estanques e muito arrumadas. Como se a moralidade (e a sexualidade) não fosse precisamente o lugar do caos, da incoerência, do fragmento, do que não sabemos, do que queremos saber, do fictício. Mais do que a luta política, o que me preocupa é essa mistificação que faz da moralidade e da sexualidade formas de transparência , quando na verdade são grandes zonas inóspitas e opacas sobre as quais apenas devemos falar por aproximações. Tanta certeza sobre coisas que não se sabem, tanto sumo pontífice «reaccionário» e «progressista». Gente imensamente «sã», «louçã», «saudável» e «normal». Que maravilha fatal."Pedro Mexia

13 de maio de 2005

Na foz - "Once seen never forgoten"

Pergunta-mo-nos:
-Onde vamos?

Acabamos na foz.

Com a cara mais envergonhada que já vi a uma mulher ela diz-me:
"Estou gravida ..."

Polémicas ad hominem

Mais dois posts do Pedro Mexia:


Descarregar
"É normal que uma pessoa quando está chateada com alguma coisa descarregue em terceiros. Mas, se somos esse terceiro, é disparate dizer: «estás chateado e por isso descarregas em mim». Uma pessoa pode reconhecer essa situação racionalmente. Mas admitir que isso é assim significa admitir a possibilidade de esse argumento ser sempre utilizado. E uma pessoa gosta de ser levada a sério quando está chateada."Pedro Mexia

Ad hominem
"Se me deixei de «polémicas»? É um facto que, por cansaço, desisti de responder a polémicas ad hominem. E, no nosso panorama, quando se elimina o factor ad hominem não sobram polémicas nenhumas."Pedro Mexia

Ainda o papa

Esta aqui um post do Pedro Mexia sobre o papa, com o qual concordo em tudo. (O que de resto e interessante porque ele e de direita e eu sou de esquerda)

Blogues e diarios

Reproduzo em seguida um texto do Pedro Mexia sobre blogues e diarios não tanto pela sua opinião sobre o Abrupto (com que concordo) mas mais pelas ideias que expõe sobre os blogues.

"O meu post sobre o Abrupto gerou algumas reacções na blogosfera. Gostava de destacar duas.

Mas faço um ponto prévio: tenho consideração intelectual por José Pacheco Pereira, leio os seus artigos e os seus livros. Porém, não gosto do seu blogue. A coisa é tão simples como isto: eu, fulano de tal, não gosto do Abrupto. É uma pura opinião, [...] É lamentável que a opinião postiva sobre o Abrupto seja vista como «servilismo» e «graxismo» e que a opinião negativa se veja reduzida ao «rancor» e a uma incontida «inveja». [...]

Retomo então duas críticas ao meu texto, porque tocam temas que me interessam muitíssimo. O tema da subjectividade e o tema da escrita diarística.

O Ma-Schamba fica surpreendido com a minha aproximação entre blogues e diários. Mas eu não disse nada de original ou ousado nessa matéria. Os blogues são diários porque isso está inscrito no seu próprio nome (web log) e sobretudo porque têm uma estrutura (datada e com tema livre) que se aproxima mais da notação diarística de que do artigo ou do ensaio. Se existe um mecanismo que permite que cada um escreva sobre o que entender, sempre que entender, com o registo que entender e sem preocupações de protocolos, então parece que o que conhecemos como «diário» é o que mais se aproxima do blogue. [...] Com a excepção dos diários íntimos, que não se destinam a publicação, os diários têm alguns traços comuns, e os blogues reproduzem esses traços.

Claro que há blogues de ensaio, de ficção, de poesia, de fotografia, e que alguns funcionam como uma espécie de jornal de parede, com artigos sucessivos. Mas isso não tem nada de específico. A especificidade do blogue é a possibilidade de ter online um registo permanente sobre cinema, arquitectura, política, o que cada um quiser, e predominantemente com um tom pessoal e um tamanho breve. Esse é o cunho do diário. A aproximação é evidente. Não vale para todos os blogues, mas vale claramente para a grande maioria.

Segunda crítica: o Tulius lembra que Pacheco é de outra geração, que é uma figura pública, que tem um estilo «ortodoxo,cerebral e frio» e que, por isso, não pode jogar «com as mesmas regras que a arraia-miúda». Isto (tirando a última frase) é incontestável. Mas o Tulius treslê quando se refere, uma vez mais, à «confessionalidade» (que segundo ele é excessiva na blogosfera). A objecção parte de um entendimento erróneo do diário (e do blogue). O bloguista vê no género diarístico uma confissão íntima. Mas muitos diários, nomeadamente literários, estão longe de qualquer intimidade. Para cada Pavese (intimista) há muitos Jünger (olímpico). Os diários são muitas vezes apenas cadernos de impressões e ideias, agendas desenvolvidas, comentários dispersos. Só praticamente os diários póstumos é que têm uma componente íntima. Assim como se confunde subjectividade com confessionalidade (um equívoco que muito me aborrece), também se toma o registo diarístico como um exposição sem entraves dos aspectos mais pessoais da vida de cada um. Claro que um blogue não é um diário literário, mas transporta traços evidentes desse género. E é essencialmente como diário que o blogue me interessa.

Ninguém exige pormenores sobre assuntos privados, nem a conhecidos nem a desconhecidos. Mais: ninguém exige coisa nenhuma. Apenas escrevi que gosto de blogues que reflictam uma personalidade (como, entre outros, A Causa Foi Modificada, Bomba Inteligente, Educação Sentimental, Rua da Judiaria, Tue Lies, Voz do Deserto).

Mas, repito, não me interessa conhecer a vida privada dos bloguistas. Apenas a sua mundividência. Em dois anos de blogosfera, tenho escrito posts pessoalíssimos, mas não discorro sobre assuntos concretos que só me dizem respeito a mim. Ou, se o faço, é de forma tão alusiva que mesmo as pessoas a quem o post diz respeito geralmente não percebem (quanto mais os terceiros). O pessoal não é sinónimo do privado.

Gostava de sublinhar, com marcador fosforescente, isto: cada um escreve o que quiser no seu blogue. Mas eu, sublinhem também, gosto de quem escreve de modo a que se note uma personalidade, porque é isso que me interessa na escrita (de blogues, de jornais, de literatura). Não sou de todo um presencista, mas aceito essa doutrina de Régio: a escrita vale pela afirmação de uma personalidade. Uma personalidade que, como tenho escrito vezes sem conta, é uma instância sobretudo textual, que pode não ter nada a ver com a pessoa civil.

Se quiserem, a principal diferença está nisto: eu tenho interesse nos blogues como género literário. Leio os blogues políticos, os blogues académicos, mas esses textos apenas prolongam outros textos, semelhantes, que conheço na imprensa e em ensaios. Enquanto que o blogue como diário representa, no espaço público, um género muito escasso [...].

A subjectividade (a minha mais veemente bíblia) é o contrário de uma lei. Eu tenho uma determinada maneira de ver o mundo. E para essa maneira de ver o mundo determinado blogue (por exemplo o Abrupto) não tem interesse. Isso não significa que o Abrupto seja objectivamente desinteressante. Se é muito mais conhecido e estimado do que quase todos os outros blogues (incluindo este), significa que há muitas pessoas que o apreciam. Estão no seu direito. Têm as suas razões. Simplesmente, esse não é o meu caso. Mas não quero convencer ninguém disso."Pedro Mexia

Coming Home

A BBC Radio 4 esta a dar um excelente documentario sobre regresso dos soldados Ingleses a Inglaterra depois da segunda guerra mundial. Duas notas pessoais para consumo nacional:

1) Nos que gostamos tanto de falar no Marshal Plan deveriamos ouvir para ver que depois do fim da guerra esta gente não ficou a tropeçar em notas e a viver num Paraíso tropical

2) (Last but not the least) também no tivemos soldados a regressar de uma guerra.


imagem do wolfie.

11 de maio de 2005

10 de maio de 2005

A polemic about Marxism (a post for mum and daddy)

Let me start by saying that I have made a terrible mistake of telling my mum and dad that I am doing this blog. Obviously that limits what I can say here and first and foremost what pictures I can put here.

Well but this post is not about pictures ...

I reproduce here a post written by Ivan

Uma polémica sobre o marxismo

" Uma polémica sobre o marxismo? Ó filho, tu com esta idade ainda te vais meter numa polémica sobre o marxismo? Sabes há quanto tempo há polémicas sobre o marxismo? E o que é que tu julgas que sabes sobre o marxismo para poderes dizer numa polémica?"

You don't like it? ...

Hierarchical relations (from Mutts)



The official Mutts site is here

Full size image here

[Dado o elogio da aguarela tenho que acrescentar que a BD foi pilhada d'A praia do Ivan, que de resto com já disse ali em baixo no comentario entre parêntesis rectos tem uma excelente revisão sobre o Calvin e Hobbes, para alem de uma selecção muito interessante de tiras do Bill Watterson]

ainda do Ivan:

"O mais curioso na megalomania narcísica é o facto de, apesar de o sujeito se afirmar como o centro do mundo, ser totalmente dependente e vulnerável em relação à confirmação pelos outros do seu narcisismo."

No comments

Inverdades

A questão da integridade de Tony Blair acabou por ser (de forma algo inesperada) uma questão importante na recente campanha para as eleições gerais em Inglaterra.

Reproduzo em seguida um paragrafo da Ana Sá Lopes que na minha opinião diz tudo sobre essa materia. No mesmo texto ela também diz tudo sobre Lord Hutton. [Sem link - por uma mera questão de sobriedade ...]

"Lord Hutton, responsável pelo inquérito que "absolveu" Tony Blair da acusação de ter manipulado o relatório dos serviços secretos para "apimentar" a tese de que haveria no Iraque armas de destruição maciça, escreve: "Não devem ser feitas acusações falsas que ponham em causa a integridade moral de outros". Num momento em que parecem esgotadas as "esperanças" de vir a encontrar o "caldeirão de ouro" nom fim do arco-íris que justificou a guerra no Iraque, interroguemo-nos se é legítimo fazer afirmações falsas que ponham em causa a integridade física de uma população. Segundo os seguidores da teoria Hutton, sim: integridade moral, jamais; integridade física, "no problem". Um primeiro-ministro não pode ser difamado, mas muitos homens podem ser mortos."

(I)maturidades



para ver a imagem em tamanho real clique aqui.

9 de maio de 2005

notivagos

Este texto do Pedro Mexia traz-me agradaveis memorias dos tempos em que vivia na Cidade Nova, infelizmente a situação em Londres tem pouco ou nada que ver com a realidade relatada no texto - e preciso fazer um esforço por ter o casaco nas costas da cadeira do gabinete das 10 da manha as 7 da tarde.


"Existe uma diferença abissal entre a noite e aquilo a que muitas pessoas chamam «a noite». Sobre a noite possuo saber de experiências feito. Em contrapartida, «a noite» é-me quase desconhecida (...).
Começo pela palavra entre aspas, e termino com a palavra sem aspas. «A noite» significa, basicamente, «a noite fora de casa». Ou, de modo mais preciso, a diversão nocturna em bares, pubs, dancings , discotecas e outras casas mais especializadas. (...) Só se vai para «a noite» por causa do álcool, da dança e do sexo. Ora, os dois primeiros não me motivam. E sobre o terceiro, poupo-vos a homilia. Assim, «a noite» não me interessa nem um poucochinho.
Em compensação, a noite é o meu mundo. Distingue-se a noite de «a noite» por se tratar de uma experiência caseira, recatada e eventualmente solitária. Ora eu vivo à noite: é quando se faz escuro que compreendo minimamente a existência, que regresso, uma e outra vez, a tudo o que a faz mais suportável: os discos, os filmes, os livros. Com excepção dos afazeres profissionais e da época de férias, sou um indivíduo razoavelmente filisteu de manhã e de tarde. À noite, porém, chegam, como amigos ao domicílio, Nicholas Ray e Nick Drake, Kundera e Kieslowski, Neil Hannon e Nabokov. Para citar uma escritora francesa, por vezes penso que as minhas noites são mais belas que os vossos dias. Não foi sempre assim. Sou um noctívago há cerca de uma década. Na verdade, descobri a noite no início dos anos noventa, quando tinha de fazer noitadas jurídicas compulsivas. E não quis outra coisa desde aí. As rádios nocturnas, com música de adultério e confissões. Os filmes às três da manhã, com preciosidades que a RTP comprou em saldo. A distensão do corpo. A madeira que estala. As sombras indecisas dos móveis. A inescapável reflexão. A vida nua, crua e porca. E momentos tão admiravelmente tristes como a teleshop, os carros que regressam, a chuva contra o vidro. E o silêncio. Mais escuro que o escuro da noite. E este vício nocturno que é a escrita."

Pedro Mexia, «A noite e 'a noite'», Grande Reportagem, 10.4.2004

[Os cortes não são meus são do terrível Ivan no seu terrível blog - infelizmente não tenho acesso ao texto completo]

Politiquices

Sob risco de ser for,cado a admitir que nestes dias ha temas recorrentes neste blog aqui fica um texto do Pacheco Pereira a proposito da morte de Sousa Franco.

Morto pela Morte Inexorável e Morto pela Campanha Evitável
Por José Pacheco Pereira
Público, 10 de Junho de 2004

Anteontem tinha começado a escrever uma nota para o Abrupto sobre a inutilidade e o arcaísmo deste tipo de campanhas eleitorais, que ia colocar hoje em linha. Infelizmente, a pior das confirmações do que lá escrevia deu-se com a morte súbita de Sousa Franco, morto pela Morte, mas certamente auxiliada, na sua tarefa de ceifeira inexorável, pela forma absurda como se continua a fazer campanha em Portugal.
O absurdo destas campanhas eleitorais é total. Exaustivas, cansativas, feitas sem qualquer consideração pelos candidatos que andam, como sonâmbulos, de rua em rua, de asilos de velhinhos para mercados, a ter que entrar nesta loja comercial porque o sr. X é um "apoiante nosso de há muitos anos", ou a tomar um café, o décimo milionésimo, no café do sr. Silva, que é "dos nossos". A julgar pelo espelho das campanhas eleitorais, os grupos sociais e profissionais mais importantes para o voto em Portugal são os velhos dos lares, os doentes dos hospitais, os feirantes, as peixeiras e as donas de casa a fazer compras. O Portugal que se procura é constituído, em primeiro lugar, pelas audiências partidárias, presentes em jantares e comícios, depois pelos "populares" que frequentam sítios onde há muitos "populares", os mercados, as feiras e as ruas centrais das cidades.
Apesar de, há muito, todos suspeitarem que este tipo de campanhas não acrescentam um único voto, e muito menos mudam algum, a verdade é que tudo continua sempre na mesma. Há uma enorme resistência à mudança e convém perceber porquê. O único objectivo destas campanhas é esfregar o ego das estruturas partidárias que querem andar a passear os candidatos, e a mostrar a sua importância. Duvido que se ganhe um voto em tais exercícios e, para além disso, este tipo de campanha não deixa verdadeiro espaço a qualquer outra coisa distinta.
Se as campanhas fossem diferentes, com a ênfase na utilização dos meios de comunicação social, nacionais e locais, e no debate propriamente político das diferenças entre candidaturas, em locais mais próprios do que as feiras, as estruturas partidárias sentir-se-iam minimizadas e como peixe fora de água. A prazo, para manterem um papel, teriam elas próprias que mudar. Mudar o tipo de actividades que conduzem, mudar o perfil dos seus dirigentes. Evoluir de máquinas eleitorais arcaicas, funcionando como "sindicatos" junto do próprio partido e junto do poder autárquico, e nacional, a passar a exercer uma função de pedagogia cívica que é suposto legitimar os partidos para além do exercício do poder. Não só, mas também.
Na última campanha eleitoral que fiz para o PE, vivi dentro de um carro que percorreu cerca de 20.000 quilómetros em 15 dias, num país pequeno como Portugal. Andava de almoço para jantar, almoços e jantares em que havia enorme renitência em que se falasse no princípio e se tinha que esperar horas, em ambientes superaquecidos, e com refeições pesadas à portuguesa. Lá no fim, falava uma longa série de oradores, o presidente da jota local, o presidente da concelhia, o mandatário local, algum convidado especial e o candidato. Às vezes, saía-se a correr para ir a outro jantar fazer a mesma coisa. Nos intervalos, visitavam-se as feiras e os mercados obrigatórios, e uma longa série de visitas a instituições empresariais, a "lobbies" locais, a eventos que coincidem com a campanha e que têm "gente". Foi assim que assisti a um ou dois jogos de futebol e até a uma corrida de cavalos.
O dilema é sempre o mesmo: se não se faz, dizem-nos, é uma desgraça eleitoral, os potenciais visitados ficam zangados e isso é "muito mau para o partido". Na última campanha, recusei-me a visitar asilos, lares da terceira idade e hospitais, mas havia protestos contra essa decisão e sub-repticiamente lá apareciam no programa as "instituições de solidariedade social muito importantes", que depois se percebia serem dirigidas por um notável do PSD. Sendo assim as campanhas, a ninguém espanta o prazer que tive, num dia, em fazer uma pequena viagem de barco artesanal, numa "photo opportunity" é certo, mas que tinha a vantagem de ter o ar do mar e o vento salgado e, apesar de tudo, alguma solidão para pensar.
Estas campanhas são também caras porque são precisas as "ofertas" para distribuir na rua, e a elas se sobrepõe, normalmente a nível nacional, uma dispendiosa campanha de "marketing" e publicidade. Os materiais de campanha são exigidos veementemente porque facilitam um "trade-off" nas feiras e mercados entre candidatos e "populares". Os acompanhantes ficam muito inseguros, se não tiverem nada para dar. Os "populares", por sua vez, também esperam receber alguma coisa: "Não tem aí uma canetinha para o meu neto?"
Os jornalistas gozam com estas campanhas, mas são instrumentais em mantê-las, sendo, como quase sempre são, bastiões do conservadorismo. Se não se ia "para a rua", distribuir canetas e autocolantes, era porque se era elitista, ou se estava mal com o "povo", ou "passava-se mal". Os jornalistas da televisão necessitam, como de pão para a boca, da cor da rua, do eterno beijo, do dichote antipolíticos, do ocasional "vai trabalhar, malandro", do encontro entre candidatos diferentes numa mesma feira (um "must" televisivo que dá sempre), do "soundbite" diário, recolhido à volta de uma qualquer peripécia irrelevante.
*
Ninguém sabe quando e porquê a Morte vem, mas que o seu trabalho sinistro foi auxiliado, não me sobram dúvidas. Sousa Franco dedicou-se completamente ao combate político das europeias e fez o que lhe foi pedido pelo partido de forma generosa até ao limite das suas forças. Tinha que estar cansado, muito cansado. Se a sua morte puder contribuir para se pensar de novo as formas de fazer política em Portugal, será mais uma das contribuições cívicas que deu ao país na sua carreira pública.

Sobre a revolução e a morte

Esta citação vem na sequência do que escrevi aqui num texto intitulado "The open mind and its enemies":

A propósito de Críton ou Sobre o Dever de Platão, um paragrafo escrito por Ortiz em http://alexandrinas.wunderblogs.com/:

«Sócrates é o porta-voz, na Grécia, de um ensinamento tradicional presente em todas as linhagens espirituais do mundo, segundo o qual o homem deve “esforçar-se por integrar-se ativamente na ordem divina, enquanto contorna suavemente as contingências da ordem natural e histórica”. Em outras palavras, só é sábio quem dedica suas energias à conquista do mundo do Espírito, enquanto peregrina por este mundo material causando a mínima perturbação possível. O leitor mais profundo compreenderá pelo Críton a futilidade de todas as revoluções, insurreições e insubordinações, que desonram a alma cujos cuidados são o que mais importa. Não é outra coisa senão o que séculos mais tarde Jesus ensinaria a seus discípulos: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Isso inclui morrer, se for preciso, e com o mínimo de perturbação. Como, aliás, o próprio Jesus também morreu.»

8 de maio de 2005

Ainda o MEC*

«É esse atraso [do país] - e o facto de o Bloco de Esquerda estar empenhado, nas actuais circunstâncias, em partir pedra multissecular para alcançar os mínimos modernos dessa dignidade - que me leva a recomendar que qualquer pessoa de direita que esteja momentaneamente desencantada com os partidos que procuram representá-la não hesite em votar no Bloco, se a alternativa for abster-se ou votar em branco. (...)
Um dia podem finalmente dar-se ao luxo de nos encostarem todos a um muro e fuzilarem-nos mas, por enquanto, ainda falta muito. Fuzilar no sentido mais moderno, claro: enclausurando toda a direita num belo parque natural de Trás-os-Montes com as nossas carrinhas Audi e guarda-roupas, com um fornecimento generoso de drogas leves, para aí podermos pavonear-nos livremente, com as nossas festinhas e revistinhas cor-de-rosa; bandeiras portuguesas e hinos à pátria; tal e qual fazemos agora.» MEC

retirado a socapa d'A Praia.

*Erratum (Nao queira alguem dar-me nos cornos) onde se le MEC leia-se Miguel Esteves Cardoso

The last general election in Portugal

O post que esta aqui, do Ivan, e' simplesmente genial.

O presente post e' uma resposta ao último paragrafo deste post, do Filipe Moura.

Para ser mais claro eu a's vezes sinto-me tentado a concordar com o Gordon Brown quando ele diz que os paises do Continente (sic) deveriam ter economias mais liberais, mas o Ivan teve a virtude de me fazer entender o que querem dizer aqueles que falam do Centrão em politica Portuguesa.

From now on this blog is bilingual

25th of April 1974



I have not posted anything about the 25th of April 1974, because may brain has been entertained with other matters.

For the non-Portuguese readers the 25th of April 1974 was the day the fascist dictatorship was defeated by a revolution in Portugal.

To see the image in full size click here

VE day



image from BBC - celebrations in Piccadilly Circus 60 years ago.

On the English version of Christmas


image extracted from vida-agridoce.blogspot.com (a blog in my native Portuguese)

6 de maio de 2005

Sporting



I swore that I would not write about football in this blog but considering that Sporting Clube de Portugal is in the UEFA Cup Final and that they will have the chance of playing in their own stadium I communicate that I have my fingers crossed.

Polypolygamy



from afixe.weblog.com

4 de maio de 2005

PhD comics (essential)

I have found this essential link in nuno (see links).

www.phdcomics.com

I think this link is essential to all PhD students.

For supervisors: the author of the site started writing it as a PhD student, in the meanwhile he has graduated. Naturally some of the supervisor jokes might seem bitter to you. Even though I would emphasize that one of the best virtues of the site is showing how ridiculous a "postgrad" can be.

Let us laugh toghether.

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