29 de outubro de 2005

aviso já que a Margarida Rebelo Pinto ainda tem muito que aprender comigo ...

resta saber quantas páginas aquela coisa tem de momento

Acho que estou prestes a acabar aquela coisa, que não me atrevo a dizer textualmente

do Pedro Lomba

Acho que tudo se permite a um político, excepto ser infantil. Na ânsia de atacarem Cavaco Silva com o pânico de uma hipotética presidencialização do regime, que entretanto o próprio já tratou de afastar, as nossas esquerdas não perceberam que estão a transformar o debate político sobre as eleições presidenciais numa disputa banal e infantil. Em vez de discutirem discursos políticos que se contrapõem, criticam comportamentos imaginários do futuro presidente. Em vez de se preocuparem com o que existe, tentam assustar com que na sua cabeça aí vem. Em vez de obrigarem os candidatos a terem ideias, obrigam-nos a conterem-se.

De momento, esse parece-me ser o maior risco que pesa sobre as próximas eleições presidenciais. Se a coisa continuar neste registo em que a política se transforma num içar de fantasmas, será impossível haver qualquer debate entre os candidatos que não passe pelos perpétuos lugares-comuns da "estabilidade", do "optimismo", da "união de todos os portugueses". Confesso que não percebo bem o que é isso da "união de todos os portugueses", um estilismo inútil que tem sido usado várias vezes. Já fiz a minha escolha nestas eleições. Colaborarei, para que não haja dúvidas de clareza, na candidatura de Cavaco Silva. Mas nunca seria por causa da "união de todos os portugueses", uma trivialidade sem sentido, que decidiria o meu voto.

A principal consequência desta escola de pensamento que infantiliza a controvérsia política é que ganhará aquele que menos disser ou, numa segunda alternativa, aquele que acabar por dizer tudo e o seu contrário. Admito que num país dramaticamente dividido entre aquilo que quer e aquilo que pode ter as coisas acabem por se decidir assim. Mas isso não me parece bem. Quero que as próximas eleições presidenciais sejam eleições para adultos.

25 de outubro de 2005

ab sexo

Custa a crer quem um programa de tão boa qualidade está na mesma grelha de programação que o Fiel ou Infiel.

23 de outubro de 2005

Paulo Querido

A terminologia é importante. Hoje tomei duas decisões, uma delas relacionada com a terminologia. Fui dos primeiros adoptantes do termo "blogue", com plural em "blogues", embora nunca tenha aderido aos "blogueiros" ou "bloguistas". Hoje quero voltar atrás. Reconsiderei. Sei que os neologismos, que são a seiva de uma língua, comportam riscos. Mas nem foi por isso que reconsiderei. Não sei realmente porque reconsiderei; é uma espécie de reconciliação comigo mesmo, penso que fui demasiado lesto a adoptar o termo e tenho responsabilidade porque escrevo num jornal.

Doravante, comigo um weblog é um weblog ou, no mínimo, um blog. Em itálico, porque é um corpo estranho à língua. Embora aqui ou ali possa esquecer-me do itálico... Como muitos de nós fazemos ao marketing, um dos termos transnacionais mais antigos. Uso mais facilemente, sem resistências, os transnacionais ou multiculturais que os neologismos -- e acho que faz todo o sentido.

Há um tempo para um corpo estranho entrar, se entranhar, na língua. Vou respirar esse tempo e entretanto saborearei a palavra blog com a curiosidade de ver se entra pelo "blogue" ou por outro neologismo, e ainda quanto tempo se aguenta. Chofer acabou por entrar, mas ninguém usa o neologismo, preferindo as palavras portuguesas (motorista ou até condutor) ou o estrangeirismo inicial chauffeur. Tornou-se num arcaismo...

Como é que alguém no mundo em que vivemos pode fazer trabalho original em literatura depois de Kafka?

O que é que o BdE tem de diferente do Barnabé?

A propósito da crise que se vive agora no Bde registro com particular agrado um comentário de um tal de jm nesta caixa de comentários:

quando o texto, pela sua naturza intrínseca, se assume como ficção, e neste caso ficção satírica, vale tudo. O mal da nossa sátira é ser muito bem educada, muito politicamente correcta, muito respeitosa, muito padreca, ou seja, é não ser SÁTIRA. O respeitinho e esas merdas nunca criam uma boa sátira. Isto às vezes torna-se monótono e hipócrita de tanto «respeitar a opinião dos outros», parece uma casa de putas para padres. (o bold é obviamente meu)

(É pena ter estado fora sem RSS feed a funcionar se não punha aqui o post original do Luís Rainha)

não tenhas medo, vem ter comigo

(para a Morgan)

não tenhas medo
vem ter comigo
porque falas de paixão?

O meu coração sabe que paixão é sinónimo do medo.
do medo só
mais nada

Este coração já se apaixonou (louca e literalmente).
Por isso, sabe bem o que é temer.

vem ter comigo
não tenhas medo

Porque falas de paixão?
Não sabes que as palavras são perigosas?
Despertam os fantasmas adormecidos.

Fala baixinho
aproveitemos.
Antes que os fantasmas acordem,
vem ter comigo.
Une-te a mim.

Temos que ser rápidos
enquanto os fantasmas ainda dormem.
só unidos venceremos
vem ter comigo
não tenhas medo

sei do que falo

este coração já jorrou o sangue da paixão
As velhas feridas ainda pulsam,
sob as duras cicatrizes.
estas lágrimas que vês fizeram das feridas cicatrizes
jorra as tuas lágrimas sobre as minhas feridas
eu jorrarei as minhas lágrimas sobre as tuas
vem ter comigo

Vês?

vem ter comigo
juntos viveremos o amor temperado dos velhos amantes

não tenhas medo
com nossas nossas lágrimas ungiremos o coração um do outro
ficaremos mais fortes

sim
com cicatrizes
mas mais fortes
se os fantasmas vierem estou certo que venceremos

não tenhas medo
vem ter comigo

22 de outubro de 2005

Filho tu deixa a droga!!!

Eu tenho que me deixar desta merda de comentar blogs de ciência, mas entretanto ainda sou capaz de ter que tratar de uns assuntos de veras delicados.

20 de outubro de 2005

Esta nao e' a minha praia

De facto eu e o Pedro Oliveira nao somos da mesma praia, mas tenho que reconhecer que ele e um excelente blogger politico. Tenho apenas pena que por vezes abuse um pouco da linguagem, mas isso todos nos fazemos na blogosfera.

Entra Todo o Mundo, jornalista, e faz que procura alguma coisa que perdeu; e logo após, um homem, trancando cuidadosamente o seu Opel Corsa que anda a pagar a prestações. Este chama-se Ninguém e diz:
Ninguém: Que andas tu aí buscando?
Todo o Mundo: Mil coisas ando a buscar: não as consigo achar, mas faço de conta enquanto ninguém inventar a história que vou contar.
Ninguém: Como te chamas, senhor?
Todo o Mundo: O meu nome é Todo o Mundo e ocupo o tempo inteiro sempre a buscar dinheiro e artigos de fundo.
Ninguém: O meu nome Ninguém, e busco a ciência.
Belzebu: Esta é boa experiência: Pedrão, escreve isto bem.
Pedro: Que escreverei, companheiro?
Belzebu: Que ninguém busca ciência, e todo o mundo dinheiro.

Ninguém: E agora que buscas lá?
Todo o Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: E eu liberdade, tomara que tenha a sorte de a encontrar já.
Belzebu: Outra adição nos acude: escreve logo aí, a fundo, que busca honra todo o mundo e ninguém a liberdade.

Ninguém: Procuras mais além disto?
Todo o Mundo: Procuro quem me louvasse o mais inconsequênte rabisco.
Ninguém: E eu quem me ensinasse cada coisa que não saibo.
Belzebu: Escreve mais.
Pedro: Que tens sabido?
Belzebu: Que todo o mundo quer ser sempre louvado, e ninguém ser ensinado.

Ninguém: Que mais queres, amigo meu?
Todo o Mundo: Quero a vida a quem ma dê.
Ninguém: A vida não sei que é, a morte conheço eu.
Belzebu: Escreve lá outra sorte.
Pedro: Que sorte?
Belzebu: Muito garrida: Todo o mundo quer a vida e ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E ainda queria tudo, sem a ninguém atrapalhar.
Ninguém: E eu ponho-me a pagar quanto devo para isso.
Belzebu: Escreve com muito aviso.
Pedro: Que escreverei?
Belzebu: Escreve que todo o mundo quer tudo e ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Gosto muito d'enganar, e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo sem nunca me desviar.
Belzebu: Ora escreve lá, compadre, não sejas tu preguiçoso.
Pedro: Quê?
Belzebu: Que todo o mundo é mentiroso, e ninguém diz a verdade.

Ninguém: Que mais buscas?
Todo o Mundo: Engraxar.
Ninguém: Eu sou antes verdadeiro.
Belzebu: Escreve, anda lá, mano.
Pedro: Que me mandas escrevinhar?
Belzebu: Bate aí bem no teclado, atira esta p'rá lista: Todo o mundo é graxista, e ninguém é verdadeiro.

o elogio da informação da TVI

Acho que já todos percebemos que a TVI e' a maior porcaria do panorama televisivo nacional. Nesse contexto algo que me preocupa particularmente e' a falta de qualidade dos programas informativos, que muitas vezes mais não são do que infotainment. Quero dizer: la que eles queiram impingir ao telespectador as piores telenovelas e os piores reality shows do mercado e' chato mas e' perdoável.

O que e' de facto imperdoável e' a falta de qualidade dos serviços noticiosos das 13 e das 20h.

O que me surpreende e' que a qualidade do serviço noticioso das 7h da manha na TVI e' em tudo idêntico ao da RTP. Porque será? Será que os espanhóis e' que vão melhorar a qualidade do serviço noticioso da TVI ao serviço dos telespectadores portugueses?

E' muito estranha a minha situação nesta materia: a padeira de Aljubarrota que há dentro de mim pede que a TVI seja vendida aos espanhóis para que a qualidade do serviço informativo da TVI melhore a bem da nação.

18 de outubro de 2005

Aviso

Tenham muiiiito cuidado com o envio de emails em que pedem respostas por escrito ...

Insustentavel leveza do Ser 1 - Diabo 0

A Insustentavel leveza do Ser aguarda o contrataque do diabo.

16 de outubro de 2005

Eu gosto muito de filmes americanos, justamente por que só os maus é que levam com balas na corneta! Nunca percebi é porque é que os americanos são sempre os bons ...

14 de outubro de 2005

"Conheço o meio literário, porque o meio é pequeníssimo e é fatal que nos encontremos aqui e ali. Mas escrevo sobre textos, não sobre pessoas, e isso é sagrado. Há escritores que estimo pessoalmente e não literariamente e outros que aprecio no plano literário e não no aspecto pessoal. Há escritores que me insultaram e que depois elogiei."
Pedro Mexia in DN

12 de outubro de 2005

A insustentável leveza do Ser

Estou num terrível confronto com a insustentável leveza do Ser. Refiro-me ao romance de Milan Kundera claro!

11 de outubro de 2005

Difamação

O nome de Herman José voltou a ser referido no julgamento Casa Pia. O jovem que está a depor, considerada a principal testemunha do processo, garante ter sido vítima de abusos sexuais por parte do apresentador [...] Questionado pela defesa de Carlos Cruz, a testemunha garantiu ter sido abusado sexualmente pelo apresentador numa casa em Azeitão.

Após esta resposta, o advogado Ricardo Sá Fernandes perguntou à testemunha se tinha sido Carlos Silvino da Silva ("Bibi") a levá-lo ao encontro do humorista.

Mas neste momento o jovem pediu para falar com os seus advogados, já que a defesa decidiu não que a testemunha não devia responder à questão, com o argumento de poder incorrer em procedimento criminal.

[...]

Os advogados lembraram que já no decurso do julgamento foram movidos contra o mesmo jovem queixas crime pelos representantes legais do ex-deputado socialista Paulo Pedroso e pelo antigo líder do PS Ferro Rodrigues, por declarações prestadas em tribunal.

A juíza presidente do colectivo deu razão aos representantes do jovem, considerando que a lei é expressa nesta matéria e que ao assistente cabe o direito de não responder se entender que a resposta pode levar a procedimento criminal contra si.

A defesa de Carlos Cruz não concordou e, num longo requerimento, alegou que o tribunal não pode decidir desta forma, porque o facto de impedir a formulação deste tipo de questões põe em causa o direito de defesa dos arguidos.

[...]


Este post é a prova que a frase "o Direito só é recordado quando nos atinge directamente" constitui uma declaração difamatória. Procura-se advogado! E essa história de "fecharem os cursos de direito" ainda vá que não vá, DESDE QUE voltes a postar!

10 de outubro de 2005

Frases geniais

Um gajo quando quer ser doutor dá por si a escrever coisas geniais.

"This is extremely important for technological applications and
also extremely interesting technologically."

É o que dá andar sempre a pensar no choque tecnológico ...

9 de outubro de 2005

ginger e os Chats

Eu e os chats é mentira. Tarde e a más horas os descobri mas deixei-me disso quando vim para os blogs. Foi tipo trocar a droga por metadona. Apesar de tudo considero este vício mais saudável, e espero ainda um dia deixar de sentir-me mal quando não tiver uma ligação à net num raio de cinco metros.

Nos chats a coisa que me chateava solenemente era o interluctor querer normalmente saber, em dois minutos, a vida duma pessoa. Tipo ir a uma loja de roupa, perguntar se tem aquele modelo em azul, o outro em vermelho, isto e aquilo, uma curiosidade sôfrega. Fazia-me uma espécie do camano.

Depois adorava aquela coisa do "eu-sou-gajo-desculpa". Fartei-me de me fazer passar por gaja, só para curtir o filme, gozar a paisagem.

Não se nota muito no blog, mas eu sou brincalhão por natureza, e até gosto um pouco de psicologia, fiz umas cadeiras na faculdade. Gosto de observar pessoas, ver as suas reacções. As pessoas são a coisa mais cómica à face da terra. E os chats são um locus engraçado para observar o comportamento humano, truncado porque não estamos face a face com os outros. Também me divertia comigo, um gajo saber dos defeitos dele e rir das suas patakuadas é uma coisa bastante importante.

Depois de começar a apanhar as siglas, os smileys, topar em duas ou três frases quem tem uma conversa interessante, quem não tem, começa a surgir a curiosidade de conhecer quem está para lá do écran. É inevitável. Não foi logo, eu queria manter o mundo real separado do virtual, mas às tantas esse princípio foi criteriosamente abandonado.

E aqui tive cenas do arco da velha. Mesmo.

Desvirtualizar uma relação pode ser complicado. Existem expectativas, sempre. Uma imagem criada da outra pessoa.

Corri uma série de situações típicas: desde a rapariga com uma conversa espectacular no chat e feia como um bode, a simpática com quem se troca discos, a desvairada com quem se dá duas e nunca mais se vê na vida e até uma jeitosa que se enganou por uns quantos uns meses.

A páginas tantas inventava histórias, nunca entrava com o mesmo nick, nunca era a mesma pessoa. Era já doentio. Um vício. Foram seis meses de perfeita loucura após ter instalado o software.

Até que disse basta, tirei o MSN do PC, utilizava o MIRC, mas era às vezes e para o mundo real, em horário de expediente e para poupar no telemóvel.

A seguir veio o blog e uma forma de comunicar quase unilateral, mais mediata. Porreiro.

Tenho hoje adquirido para mim o seguinte: quem navega na net tem grandes pancas. Uma boa percentagem, onde eu naturalmente me incluo. Pude comprovar isso mais uma vez nos blogs comunitários em que participei, e onde em má hora voltei a instalar o MSN.

Hoje a minha conta de mail não está associada a nenhum chat e limito-me a teclar, de quando em vez, com a minha guru para obter conselhos relativamente ao alinhamento do blog.

A curiosidade de conhecer pessoas através da net foi-se. Gosto de trocar ideias, mp3, piadas, charadas. É uma dimensão paralela, complementar à real e está muito bem assim.

Os chats já foram. O blog mais tarde ou mais cedo também vai marchar, embora a música seja um íman muito grande.

Sinto-me no caminho da cura...

[não tem mal, ginger. um post mais a sério em 354, não é nada, ânimo!]
[não, não posso deixar esta merda assim, deixa-me escrever mais qq coisa]

A carteira ou a vida!


olha pá toma lá a vida porque tenho muito amor à carteira!

O p(h)oder é uma temática recorrente das conversas entre homens e mulheres.

Justaposições poéticas

"Sou filho desta terra e vou fazendo anos pois não se pode estar sem fazer nada."
Ruy Belo

"Nada tenho
Nada sei
Sou livre"
Nikos Kazanizakis

A sua falta de profissionalismo era uma profissão por si só.

Argumento a favor do café:

a importância de um sono descansado em momentos de elevada tensão psicológica ...

O cúmulo da demagogia ...

... é uma pessoa à esquerda do PS que não trabalha na função pública argumentar que é sensato apelar ao voto contra o PS para penalizar o esforço que o PS tem feito para limitar os privilégios dos trabalhadores da administração pública.
[Há pessoas que só abrem a boca para que saia uma mosca ou para se enterrarem]

O arquitecto do renascimanto da selecção portuguesa

8 de outubro de 2005

É a dinâmica de vórtices estúpido

No dia 15 de Novembro pelas 14 horas terá lugar no Departamento de Física do Instituto Superior Técnico um seminário intitulado "Intermittency in Low Temperature Vortex Dynamics". Um amável convite do professor Pedro Sacramento do CFIF.

Rais-ta-partam se eu entendo estas bolas!!!

Acabei hoje de escrever uma parte importantíssima da introdução minha tese. O subcapítulo que discute a equação de Lawrence Doniach. Eu explico.

Esta equação é a equação que descreve a energia de um sistema supercondutor de alta temperatura. Estes materiais distinguem-se dos supercondutores convencionais por se comportarem como supercondutores a temperaturas acima dos -160ºC. Parece uma temperatura muito baixa, mas tecnologicamente é uma temperatura bastante elevada, pois permite o uso de Azoto líquido como material refrigerante e não de Hélio Líquido sendo o primeiro é bastante fácil de obter. Qualquer pessoa já deve viu recipientes com Azoto liquido num hospital algures no corredor, porque este material é utilizado para refrigerar os tais supercondutores de alta temperatura nos magnetos de importantes equipamentos hospitalares (pronto está bem -160ºC é uma temperatura muito baixa).

Voltando à equação. A equação para a energia deste tipo de sistemas permite descrever o seu comportamento completamente, obtendo-se uma equação para a posição e outra para a velocidade dos electrões supercondutores. Mesmo num sistema quântico a ideia de base é muito elegante. Suponham vocês que colocam uma bola numa superfície irregular, é fácil de prever o movimento da bola e descrevê-lo por uma equação. O problema num sistema quântico é que não podemos saber onde está a bola, apenas a probabilidade de encontrar a bola num certo local a cada instante. A dita equação com um nome complicado apenas prevê a evolução da probabilidade de encontrar o electrão (a tal bola) num certo lugar.

Mas porque é que eu vos estou a dar esta seca? É simples, perdi uma semana para escrever de uma maneira compreensível a equação da velocidade da tal bola ou dos tais electrões. Mas porquê? Pois, é que aquilo que vos vou explicar a vocês agora aparentemente é muito difícil de explicar a estudantes de doutoramento, e por isso aqui o estudante perdeu uma semana. Eu explico!

Os materiais supercondutores de alta temperatura são supercondutores apenas quando as tais bolas (salvo seja) se deslocam na direcção horizontal mas não na vertical. Quando as tais bolas se deslocam na vertical o material é "isolante". Porquê? Porque essas tais bolas-electrões só se podem deslocar livremente (ter comportamento supercondutor) quando se deslocam nas camadas horizontais de óxido de cobre; quando pretendem deslocar-se na vertical têm que se deslocar de uma camada para a outra e isso em principio seria impossível porque as camadas adjacentes são separadas por camadas de material isolante. Aqui é que está o mistério quântico: as tais bolas-electrões podem atravessar as camadas isolantes dando um salto quântico. A equação que resulta para a velocidade dos electrões é um tanto ao quanto complicada. E só aparece em alguns artigos da especialidade, e eu perdi uma semana para perceber isso.

Perceberam? Pois, eu (e o resto dos estudantes de doutoramento) também não, mas não desanimem que ainda têm uma semana para perceber o meu texto. Caso contrário seria injusto não acham?

Branco mais Branco não há ou como o Guterres lavou as mãos dos orçamentos Limianos ...



Uma bela noite, uma da madrugada ou mais, dirigi-me à dispensa devido à escassez de estimulantes e alucinógenos em casa. À falta de melhor abafei uma embalagem de Skip Nova Fórmula (versão 8374a) e Pronto Limpa Mòveis (Spray Nasal).

Enquanto comia o Skip com leite e dava lustro nas orelhas e nariz, um qualquer canal de TV passava uma entrevista com essa chica aí do lado. Não prestei muita atenção, claro. Mudei logo para a CNN à procura da última calinada de Bush.

Fiz depois um pouco de TV Shop e fui-me deitar...

Adormeci branco mais branco, cheio de óleo de cedro nos coiratos, reconfortado com a ideia do mundo ser um sítio bom para se viver.

Isto até às quatro da manhã, quando a Paz Vega começou a chamar por mim, gritando aos quatro ventos té quiero comer, té quiero comer, cariño!!! Dito e feito, estivemos a rever a gastronomia ibérica hasta las oito da matina, altura escolhida pelo despertador para uma tentativa de assassinato.

Levei a mão aos boxers naquele gesto tipicamente masculino, utilizado também pelos Economistas para falar de forma ligeira sobre a produtividade nacional. (Coçei-os, portanto.) Qual não é o meu espanto quando noto que de Espanha tinham aberto as barragens, provocando uma tremenda inundação, lençóis incluídos!

(Mierda)

Como já não tinha detergente, ao sair de casa passei pela lavandaria para deixar a roupa de cama...
(pela Ginger)

Messias

Lula ao não haver demitido do governo quando se descobriu o caso "mensalão" matou de uma vez por todas no Brasil e não só as ilusões simplistas e bobas da esquerda ingênua que uma vez mais embarcou em messianismos. Os messianismos são assim: ou terminam em desilusão ou em tragédia. Melhor terminar em desilusão não é?

7 de outubro de 2005

Efeitos secundários da tese ... ora deixem cá ver ...

E pergunta o juri:
- Quais é que foram os efeitos secundários da escrita da tese a um nível psicológico?

(É isso e é aquela velha treta do outro que só sabia que nada sabia, que repentinamente faz todo o sentido.)

Ó sra. polícia conto-lhe já tudo não precisa de insistir tanto, algemas ainda vá que não vá mas mais que isso não

6 de outubro de 2005

Qual choque tecnológico qual quê!

Our client is a major player in the chemical industry and it's seeking for candidates to occupy a 'His Master's Voice' position in its staff.

Your job, should you accept it, is to sit on your knees, put a cute orange paper hat on your head, lean a bit forward, bend your arms a little and bark.

If manage to do it all day long, without going to the toillet, or having any lunch breaks, you'll get a medal.

Send your resume to us right now, with a bizarre photo of yourself.

The first ten to apply will get a rubber duck with their names on.

(a característica da minha personalidade de que eu me orgulho mais é a profundidade da minha garganta)

Mas quando é que acabas esses perliminares? Quer dizer essa introdução ...

Quando se tem uma tese para escrever vale tudo!

(menos chincar olhos)

(via ginger)

Renhido...sim senhora

Classificaram o campeonato português de futebol como 11º mais competitivo do mundo! que honra! Sinceramente, Superliga!? a única coisa de competitivo que este campeonato tem é o valor do suborno que pagam aos árbitros...também como é que esperam que um campeonato seja competitivo se o clube vencedor da "champions" mude de treinador quatro vezes num campeonato!? a liga Calcio, campeonato italiano, ficou com o título de campeonato mais competitivo do mundo, pela extrema dificuldade em marcar golos. Mas se pensarmos, será pela dificuldade em marcar golos ou é falta de pontaria?

1ª Companhia

Muito se tem dito sobre a possibilidade de uma empresa espanhola comprar parte do capital social da empresa que administra a TVI. Possivelmente a soberania nacional estará em risco. Mas os senhores da TVI que me desculpem, com a qualidade de programação da TVI eu sinto-me tentado a dizer que de espanha dificilmente virá mau vento ou mau casamento ... a menos que pensemos que aquilo que nos servem no prato seja bom desde que seja nacional.

"The point is that you are facing a true problem. If you go to the root with all you've got, there is no way you won't injure family, friends, and innocent bystanders."

Norman Mailer

5 de outubro de 2005

Bibliometria o caraças ou chama-lhe puta antes que te chamem o mesmo a ti

Estalou a polémica em torno do ranking de universidades públicas. De acordo com o estudo de Sousa Lobo, a Universidade de Aveiro lidera a investigação universitária em Portugal com 1,5 artigos publicados no estrangeiro por cada professor da instituição. O problema é que esse indicador está fundamentado no Institute for Scientific Information, que subrepresenta a produção em ciências sociais. Para isso mesmo alertou o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, numa contestação que foi de imediato secundada por dirigentes da Universidade-da-Vida. Em conferência de imprensa, quatro representantes daquela instituição (duas prostitutas moldavas, uma brasileira e um preservativo com estrias) referiram que o estudo «é pouco inovador» e prejudica a verdadeira dimensão de actividade dos seus investigadores, «que vai muito além do fellatio e da posição de missionário, práticas muito pouco competitivas nestes tempos de globalização». Segundo Natasha Ivanova, com 23 anos rijinhos, os programas da Universidade-da-Vida são cada vez mais completos e diversificados, adaptando-se «aos desafios propostos por Bolonha», a estágios de clubes de futebol e a acampamentos de escuteiros. Esclarecidas as reservas ao ranking, a conferência de imprensa acabou com a notícia de um pacote de descontos numa casa de alterne em Tui, prometendo-se a devolução do IVA em talões de desconto para o fim-de-semana seguinte. Mas que podem também ser trocados por vibradores em segunda mão.

debates autárquicos

São interessantíssimos - de uma perspectiva antropológica, claro.

O chato do Outono/Inverno é que anuncia-se para breve o fim dos decotes.

Sejamos claros, gosto muito de decotes. Mas discordo do título deste post (pelo menos em parte). É que aqui o meu Zezinho também gosta de um bocadinho de paz.

3 de outubro de 2005

Mais do mesmo:

Last fall I did draw a research project to go and spend two months living among the Pashtuns of Afghanistan and Pakistan, and report back on the state of feeling, mainly with a view to how great is the threat of future unrest and support for extremism, with particular reference to the war on drugs. Not one single American or European institution we’ve approached so far – and we’ve approached a lot of them – was willing to fund that. Either they don’t fund research in the field, or all their money is spent in building democracy and civil society projects. It’s pretty damn striking that, with Osama bin Laden still sitting up there on the Pakistan-Afghanistan border, with Mullah Omar and the rest of the leadership of the Taliban, nobody wants to pay for that. I would have assumed that people would be queuing up to throw money at a project like that. Well, the first 15 institutions we approached were simply not interested in that kind of research. This is after 9/11, with Osama bin Laden there, with the Islamists winning the elections in the Pashtun areas. That tells you something, doesn’t it?

Ainda o Anatol Lieven na mesma entrevista

Not having studied European history, a lot of liberal commentators don’t understand the importance of having, in European terms, a priest in every village. How can one possibly write the modern history of Spain, or Portugal, or France, or almost anywhere else in Europe except maybe England, without speaking of the importance of religion?

Anatol Lieven em entrevista ao Ivan Nunes a ao Pedro Oliveira

Well, I suppose… I think that perhaps in Europe I would have written a softer book on that, but there is this deadening conformism in which you’re expected continually to pay tribute to. It does tend to suppress debate. The other thing is, I’ve lived in very rough parts of the world, as a journalist, and I do find this whole idea that a world community of NGOs can somehow substitute the state deeply foolish. When you get an absence of the state, and NGOs try to run the show, what you get is Somalia. It doesn’t work. NGOs don’t have armies, they don’t have police forces, all they end up by doing is hiring warlord militias to protect them, so, in a sense, they perpetuate and subsidize anarchy. But it’s not their fault. If they’re there to distribute food, or distribute education, they need protection. The alternative would be to allow George Soros to get together with a number of other people and hire themselves a mercenary army, a division of gurkhas, and send them into Congo or Somalia. Sometimes there seems to be a detachment of certain basic political realities, which is not to say that their long-term goals aren’t good. Of course they’re good, I support them, they’re desirable ends of Humanity. But, if you’re honest, things do require trade-offs. You know what police forces are like in much of the world, including in democracies. Look at the Brazilian police: Lula da Silva’s government tried to crack down on police corruption and extortion and it seems that what happened was that the police concerned decided to send a small message to the government not to do this kind of things. So they killed 30 homeless people in a shelter one day. But, at the same time, when we go to Brazil, we don’t want the police just to vanish, and equally we have to think very seriously on how hard to crack down on police corruption and extortion. I talked to a senior police officer in Pakistan, who said: «look, if the government here really tried to get the police to obey the rules, you know what would happen? The police would do nothing.» «They don’t really do much anyway», he said (he was pretty drunk at the time), «but if you’d really crack down on them, they would do nothing, and then what would happen to this society?»

There are realist trade-offs in this world, which is not to say that things cannot be changed. But you have to consider the fact that, except for a period of about a year, India has been a democracy since 1947, and yet in India the police behaves with absolutely bestial cruelty to anybody suspected of crime who doesn’t have political or criminal protection. And that says something about the fact that, leaving aside the connection between democracy and economic development, even the connection between democracy and human rights is more ambiguous than people think. I’m no advocate for the Chinese police, but, if I were a poor person, I’d rather be arrested by the Chinese police than by the Indian police, despite the fact that China is a dictatorship and India a democracy, because the Chinese police is a bit more under control. This isn’t of course true if you’re a political dissident, in which case I’d much rather be arrested by the Indian police. As long, of course, as one’s not an armed dissident: in that case, the Indian police will torture or kill you as well.

A cona das pretas pela Isabela

(com uma curtíssima nota final sobre o falocratas dos tempos modernos)

Os brancos iam às pretas. As pretas eram todas iguais e eles não distinguiam a Madalena Xinguile da Ermina Cachamba, a não ser pela cor da capulana ou pelo feitio da teta, mas os brancos metiam-se lá para os fundos do caniço, com caminho certo ou não, para ir à cona das pretas. Eram uns aventureiros. Uns fura-vidas.

As pretas tinham a cona larga, diziam as mulheres dos brancos, ao domingo à tarde, todas em conversa íntima debaixo do cajueiro largo, com o bandulho atafulhado de camarão grelhado, quando os brancos saíam para ir dar a sua volta de homens, e as deixavam a desenferrujar a língua, que as mulheres precisam de desenferrujar a língua umas com as outras. As pretas tinham a cona larga, mas elas diziam as partes baixas ou as vergonhas ou a badalhoca. As pretas tinham a cona larga e essa era a explicação para parirem como pariam, de borco, todas viradas para o chão, onde quer que fosse, como os animais. A cona era larga. A das brancas não, era estreita, porque as brancas não eram umas cadelas fáceis, porque à cona sagrada das brancas só lá tinha chegado o do marido, e mesmo assim pouco, e com dificuldade, que elas eram estreitas, muito estreitas, portanto muito sérias, e convinha que umas soubessem isto das outras. E limitavam-se ao cumprimento das suas obrigações matrimoniais por procuração, sempre com sacrifício, pelo que a foda era dolorosa, e evitável, por isso é que os brancos iam à cona das pretas. As pretas não eram sérias, as pretas tinham a cona larga, as pretas gemiam alto, porque as cadelas gostavam daquilo. Não valiam nada.
As brancas eram todas mulheres sérias. Que ameaça constituía para elas uma negra? Que diferença havia entre uma negra e uma coelha? Que branco perfilhava filhos a uma negra? Nem as distinguiam! E mesmo que distinguissem... como é que uma negra descalça, de teta pendurada, vinda do caniço a saber dizer, sim patrão, certo patrão, dinheiro patrão, sem bilhete de identidade, sem caderneta de assimilada, podia provar que o patrão era o pai da criança.
Que preta é que queria levar porrada?


[À parte da questão racial é de lamentar que ainda que a escravatura já tenha acabado em certas instituições (que gostam de ser respeitadas na praça pública) continuem a haver falocratas que usam do mesmo tipo de estratagema para se envolverem sexualmente com as mulheres que para eles trabalham. Não querem lá ver que o poder continua a ser um grande afrodisíaco ...]

A Isabela chegou e disse:

"Tive um pai muito presente, que encheu a minha vida e emoções e me marcou profundamente. Mais que a minha mãe.
No entanto, não acho que seja fundamental uma criança ter um pai e uma mãe no sentido tradicional. Pode ter só um ou 2 mães ou 2 pais. É importante que a criança seja respeitada, estimada, que lhe sejam transmitidos valores correctos.
As mulheres, hoje em dia, estão muitos conscientes da precariedade das relações; não toleram muitas coisas que antes se toleravam aos homens.De forma geral, as mulheres mudaram mais e mais rapidamente. Tornaram-se completamente autónomas dos homens, financeiramente. Não é que tenham algo contra eles. Não precisam é deles, como nos velhos tempos em que não trabalhavam e estavam sujeitas ao que viesse. Isso mudou completamente as estruturas. Irreversivelmente.
Uma mulher precisa de um homem para conceber um filho, mas não precisa de aguentar uma relação sentimental falhada para o criar.
Eu gostaria que um filho meu tivesse pai, que estivesse com ele, mas não seria obrigatório morarem na mesma casa. Embora isso também pudesse acontecer. Eu poderia ser uma óptima amiga do pai do meu filho e não ir para a cama com ele. Ou ir. Tanto faz. Hoje em dia..."

Há 15 anos

2 de outubro de 2005

Campanha para a Junta de Freguesia

Ainda hei-de escrever um post sobre a campanha eleitoral para a Junta de Freguesia onde era suposto votar. É como a campanha para a Associação de Estudantes da Escola Secundária mas com personagens mais grisalhos.

[Vou-me abster de reproduzir os comentários que foram feitos sobre a forma de vestir da candidata do sexo feminino, ou melhor do Partido Socialista. Também, o que é que esperavam, naquela terra quando a primeira emigrante decidiu fazer top-less no SEU terraço foi admoestada pelos vizinhos para não expor as brancuras ... já para não falar no antigo padre da aldeia, mas isso era outro blog ...]

Stonehenge

Já aqui disse que a arqueologia é de todas as disciplinas da história a mais tétrica. No entanto há locais onde esse aspecto tétrico (sempre presente) é temperado por um claro aspecto regenerador. Aliás o culto dos mortos no paleolítico é ele próprio muitas vezes encarado muitas vezes como um momento culminante do processo de hominização. Se não fossem os cientistas a dizer que são só pedras e a condenar à inexistência as fadas e os espíritos que se esconderiam por entre as pedras ...

Enterros

Eu ainda um dia hei-de escrever um post sobre enterros:

Temas de dissertação:
* As pretas gravatas hipócritas
* Os funcionários que aproveitam para tirar dois dias de férias em honra do morto
* A campanha eleitoral para a Junta de Freguesia que continua no semitério (também ele obra da Junta de Freguesia)
* (last but not the least) o velório enquanto motivo para encontros sociais e mexericos sobre o morto (muito popular no interior do país, mas também visto em Lisboa)

Enfim Portugal nos seu melhor ...

1 de outubro de 2005

A mulher ideal...

(pela Morgan le Fay)

"... deve encerrar em si alguma contradição (ser cuidada mas descontraida; algo futil e o oposto; ser a tradicional fada do lar e companheira sexual...). Existe ao que parece momentaneamente. Ou seja, a mulher perfeita é a que se tem, mas pode deixar de ser a qualquer momento...

Isto foi o que retive da breve passagem, ontem, por um programa, estilo o brasileiro "Saia Justa", composto, no entando, por quatro homens.

Fora estas brilhantes conclusões, apenas há ainda a salientar as piadas machistas de um dos elementos presentes, que segundo o mesmo podem não o ser! Bem... ele que as experimente contar a uma mulher para ver a reacção..."

(Acrescentaria apenas que os homens se confrontam cada vez mais com o mesmo tipo de atitudes por parte de algumas mulheres.)

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