9 de outubro de 2005

ginger e os Chats

Eu e os chats é mentira. Tarde e a más horas os descobri mas deixei-me disso quando vim para os blogs. Foi tipo trocar a droga por metadona. Apesar de tudo considero este vício mais saudável, e espero ainda um dia deixar de sentir-me mal quando não tiver uma ligação à net num raio de cinco metros.

Nos chats a coisa que me chateava solenemente era o interluctor querer normalmente saber, em dois minutos, a vida duma pessoa. Tipo ir a uma loja de roupa, perguntar se tem aquele modelo em azul, o outro em vermelho, isto e aquilo, uma curiosidade sôfrega. Fazia-me uma espécie do camano.

Depois adorava aquela coisa do "eu-sou-gajo-desculpa". Fartei-me de me fazer passar por gaja, só para curtir o filme, gozar a paisagem.

Não se nota muito no blog, mas eu sou brincalhão por natureza, e até gosto um pouco de psicologia, fiz umas cadeiras na faculdade. Gosto de observar pessoas, ver as suas reacções. As pessoas são a coisa mais cómica à face da terra. E os chats são um locus engraçado para observar o comportamento humano, truncado porque não estamos face a face com os outros. Também me divertia comigo, um gajo saber dos defeitos dele e rir das suas patakuadas é uma coisa bastante importante.

Depois de começar a apanhar as siglas, os smileys, topar em duas ou três frases quem tem uma conversa interessante, quem não tem, começa a surgir a curiosidade de conhecer quem está para lá do écran. É inevitável. Não foi logo, eu queria manter o mundo real separado do virtual, mas às tantas esse princípio foi criteriosamente abandonado.

E aqui tive cenas do arco da velha. Mesmo.

Desvirtualizar uma relação pode ser complicado. Existem expectativas, sempre. Uma imagem criada da outra pessoa.

Corri uma série de situações típicas: desde a rapariga com uma conversa espectacular no chat e feia como um bode, a simpática com quem se troca discos, a desvairada com quem se dá duas e nunca mais se vê na vida e até uma jeitosa que se enganou por uns quantos uns meses.

A páginas tantas inventava histórias, nunca entrava com o mesmo nick, nunca era a mesma pessoa. Era já doentio. Um vício. Foram seis meses de perfeita loucura após ter instalado o software.

Até que disse basta, tirei o MSN do PC, utilizava o MIRC, mas era às vezes e para o mundo real, em horário de expediente e para poupar no telemóvel.

A seguir veio o blog e uma forma de comunicar quase unilateral, mais mediata. Porreiro.

Tenho hoje adquirido para mim o seguinte: quem navega na net tem grandes pancas. Uma boa percentagem, onde eu naturalmente me incluo. Pude comprovar isso mais uma vez nos blogs comunitários em que participei, e onde em má hora voltei a instalar o MSN.

Hoje a minha conta de mail não está associada a nenhum chat e limito-me a teclar, de quando em vez, com a minha guru para obter conselhos relativamente ao alinhamento do blog.

A curiosidade de conhecer pessoas através da net foi-se. Gosto de trocar ideias, mp3, piadas, charadas. É uma dimensão paralela, complementar à real e está muito bem assim.

Os chats já foram. O blog mais tarde ou mais cedo também vai marchar, embora a música seja um íman muito grande.

Sinto-me no caminho da cura...

[não tem mal, ginger. um post mais a sério em 354, não é nada, ânimo!]
[não, não posso deixar esta merda assim, deixa-me escrever mais qq coisa]

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