O que é que o BdE tem de diferente do Barnabé?
A propósito da crise que se vive agora no Bde registro com particular agrado um comentário de um tal de jm nesta caixa de comentários:
quando o texto, pela sua naturza intrínseca, se assume como ficção, e neste caso ficção satírica, vale tudo. O mal da nossa sátira é ser muito bem educada, muito politicamente correcta, muito respeitosa, muito padreca, ou seja, é não ser SÁTIRA. O respeitinho e esas merdas nunca criam uma boa sátira. Isto às vezes torna-se monótono e hipócrita de tanto «respeitar a opinião dos outros», parece uma casa de putas para padres. (o bold é obviamente meu)
(É pena ter estado fora sem RSS feed a funcionar se não punha aqui o post original do Luís Rainha)

1 comentário:
Não seja por isso :-)
Luis Rainha
- Boas tardes, Sr. Camarada Presidente…
- Ó pázinho; deixa-te lá disso dos camaradas, que não te conheço de lado nenhum. Andavas tu de cueiros e estava já eu preso pela PIDE!
- Vossa Excelência?
- Assim está melhor. És como me contaram: um bocado obtuso mas aprendes depressa. Ainda nos vamos entender bem.
- Eu trazia-lhe aqui, com permissão de Vossa Eminência, uns decretozitos que fizemos lá no governo…
- Ouve lá: não estás mesmo nada a ver como é que a coisa vai correr por aqui, pois não? O Almeida Santos não te explicou?
- Assim de repente… não estou a ver bem…
- Primeira regra: não me incomodas com dossiers e coisas com muitas letras. Não tenho nem nunca tive pachorra para essas coisas. E não foi por não saber quantos países havia na Europa que deixei de nos meter lá! Deixa isso aí com os meus assessores, que logo hás-de saber coisas pelo jornais…
- Pelos jornais?
- Achavas que te ia deixar brilhar sozinho? E para que é que julgas que fui contratar o assessor de imprensa do Santana? Ná; de vez em quando tenho de fazer de conta que discordo de algumas coisas do governo. Tu mandas para cá uns projectos assim contra os reformados, ou a recuperar a pena de morte, sei lá, e eu faço um figurão a opor-me!
- Mas…
- Nem mas nem meio mas. Olha: vamos é tratar de coisas importantes. Tenho aqui duas listas para ti. Primeiro, as minhas visitas de estado.
- Hmmm. Cuba? República Dominicana? Cancun? Um safari no Quénia? Mas acha mesmo que…
- Ouve lá, ó amostra de primeiro-ministro! Tu queres levar comigo em cima, como aconteceu ao gajo de Boliqueime? Ou queres meter-te no meu caminho, como o pateta alegre dos versos? Não viste o triste fado que tiveram? Juizinho e lê lá o outro papel: são uns familiares e uns amigos da Maria a quem eu devo uns favores…
- O seu filho quer ser Vice-Rei? Mas olhe que isso não está previsto na Constituição…
- Queres que eu te diga onde podes tu enfiar a constituição? Ou queres que eu ponha aí a minha malta a soprar coisas aos jornais sobre a tua bichice?
- A minha quê??
- Vá; somos todos camaradas e gente de bem; não vale a pena irritarmo-nos. Leva lá os papelinhos para casa, assina tudo e vais ver como nos vamos dar às mil maravilhas!
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