27 de setembro de 2005

Karl Popper, 100 anos depois da fórmula de Einstein

Há 100 anos Einstein descobria a famosa fórmula E=mc2. Einstein rapidamente se apercebeu das implicações tecnológicas e geopolíticas da sua descoberta. Ele sabia que a sua descoberta levaria à construção da Bomba Atómica.

A historia também não ajudou Einstein. Einstein era um amigo muito próximo de Haber que foi um dos grandes cientistas que contribui para o esforço de guerra Alemão durante a I Grande Guerra. Haber foi um fervoroso patriota Alemão durante a I Grande Guerra com o seu trabalho permitiu adiar o descalabro da Alemanha. Eintein sempre disse que não era um verdadeiro Alemão, a única coisa que o unia à Alemanha eram os seus amigos, incluindo Haber.

Quando as purgas nazis nas universidades alemãs começaram Haber optou por se converter do judaísmo ao cristianismo para preservar a sua posição, mas para ele as coisas estavam claramente a mudar, Haber ainda que convertido viu-se obrigado a emigrar para a Palestina.

A loucura do holocausto (cuja verdadeira dimensão poucos conheciam) e acima de tudo a brutalidade da II Grande Guerra tornaram óbvio que o que estava em questão era sério demais e a corrida ao armamento nuclear começou. Hiroshima aconteceu.

Karl Popper de origem austríaca e um profundo conhecedor da obra de Nietzsche começou a publicar os seus estudos filosóficos em língua inglesa em 1945, começando justamente pela parte política do seu trabalho.

A controvérsia com Nietzsche (o nome do filósofo raramente é referido) é sem dúvida fundadora para Karl Popper. Para Karl Popper a questão fundadora da filosofia é a questão do livre arbítrio e as suas implicações para a ética.

Quer Nietzsche quer Karl Popper sabiam que não podiam resolver o problema do livre arbítrio: o problema do livre arbítrio está minado de contradições. O livre arbítrio de um individuo numa questão verdadeiramente importante para este implica a supressão do livre arbítrio do outro.

Karl Popper sabia que o que estava em questão era demasiado importante, o sucesso do seu sistema filosófico dependia da questão do livre arbítrio. Defendeu o seu ponto de vista com uma inteligência impressionante. Profundo conhecedor da física moderna, sabia que a física determinista destruiria o livre arbítrio, este ultimo não é compatível com um mundo desenhado por um relojoeiro de Berna. A pressão posta sobre o seu sistema filosófico era enorme, era preciso reagir custasse o que custasse.

Karl Popper sabia que o poder da arma nuclear era imenso. Karl Popper sabia que a física das altas energias é por excelência o domínio de todas as conjecturas. Associou as duas coisas e conjecturou que o homem teria o poder de construir uma arma nuclear que libertaria energia suficiente para despoletar fenómenos a altas energias que o moderno conhecimento da física não permite descrever. Assim sendo, conjectura Popper, o homem tem ao alcance do seu livre arbítrio a fuga às leis da física tal como as conhecemos e a possibilidade de destruir o relógio de Berna.

1 comentário:

sabine disse...

Também gosto de Popper. :)

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