27 de dezembro de 2005

- Oh pai, oh pai eu gostava de ser blogosfericamente discreto!
- Oh filho entao porque e que andas em locais onde ha holofotes blogosfericos?

Algo de estranho se passa com este blog ...

... antes respondia aos comentarios criticos deste blog na propria caixa de comentarios, agora e' por e-m@il, e olhem que tenho gente a perguntar-me: "Entao ja respondeste aquele comentario?"

26 de dezembro de 2005

Sei bem o que e' isso de "pensar escrever a tese". Profundamente castrativo, mas nao e' nesse momento que se comeca a jogar a serio?

Sortudo

[com o devido respeito]

Convite



Venho por este meio convidar o Dr. Jorge Coelho a jogar xadrez comigo (na condicao do tabuleiro e as pecas nao mudarem de proprietario no decorrer do jogo).

By the way ...

... a insustentavel leveza do ser venceu (recebi agora a confirmacao pelo telefone). Um dia destes ainda hei-de contar a historia toda, para os meus leitores que nao privam comigo via msn e nao conhecem os aspectos mais escorregadios do meio em que eu (ainda) me desloco.

Resta saber qual vai ser o preco desta brincadeira, ainda que eu de como adquirido que uma consciencia tranquila (na medida do possivel) nao tem preco(?).

A cena chave do "Cinema Paradiso" ...

... desta vez foi a do caixao.

Se eu acreditasse no ceu este post faria muito mais sentido. Ainda assim e dificil de ir mais fundo do que dizer "Chega uma altura em que estar calado ou falar nao faz diferenca.". Felizmente alguns vao continuando por ca ainda que em silencio ...

... Adeus e' o que te digo.

Nao ha direito

Esta para aqui um gajo a tentar ajavardar o tasco, e os gajos da RTP decidem apresentar "O cinema Paradiso".
[A menina Iambe nao podia de vez enquado escrever um postzito sobre este tipo de assunto la no seu blogue? (...) O que? (...) Pois! E fico aqui eu sozinho a tentar endireitar o mundo?!? (...) E que treta e aquela de vires aqui parar via technorati? Eu pensei que ... Olha um abraco e um bom 2006 e o que se quer!]

25 de dezembro de 2005

"Comere frutinha"


E' o conselho da minha avo para 2006.

20 de dezembro de 2005

The Closest Thing To Crazy

How can I think I'm standing strong,
Yet feel the air beneath my feet?
How can happiness feel so wrong?
How can misery feel so sweet?
How can you let me watch you sleep,
Then break my dreams the way you do?
How can I have got in so deep?
Why did I fall in love with you?

This is the closest thing to crazy I have ever been
Feeling twenty-two, acting seventeen,
This is the nearest thing to crazy I have ever known,
I was never crazy on my own...
And now I know that there's a link between the two,
Being close to craziness and being close to you.

How can you make me fall apart
Then break my fall with loving lies?
It's so easy to break a heart;
It's so easy to close your eyes.
How can you treat me like a child
Yet like a child I yearn for you?
How can anyone feel so wild?
How can anyone feel so blue?

KATIE MELUA

E tu também és uma fetichista de esquerda?

18 de dezembro de 2005

Isto só pode ser para bater o couro àquele gajo que agora não me lembra o nome e que fez um filme entitulado "A branca de neve"-

Natal é sempre que um homem quiser e as renas não tiverem dor de cabeça

16 de dezembro de 2005

E isto será o paraíso ou o inferno?



Qual será a percentagem de ginecologistas heterossexuais e sexualmente activos?

(Pintura de Gustave Courbert)

O paraíso na terra

O limbo afinal não existe. Nem o inferno.
O novo papa esclarece que, afinal, não são lugares, mas estados. Por este caminho, qualquer dia ainda se atrevem a dizer que a contracepção não é pecado e que preservativo será beatificado.
Mas o papa não está a “ver”. O limbo e o inferno existem, sempre existiram: em Vila Mimosa, na Cova da Moura, nos espectáculos ambulantes de strippers, pelos Estados Unidos. Em lugares muito mais secretos, contudo ao nosso lado. É possível ir ao Inferno e ficar por lá ou, em alternativa, regressar. Poucos regressam.

Muitos inquilinos do inferno não gostam da sua casa, por isso inventam prazeres – carnais/mortais – adequados ao espaço/tempo que habitam. E vão respirando e sorrindo entre ilusões de orgasmos, snifs de coca, garrotes, muito álcool, muitos downers, muitos speeds. Alguns não querem sair do inferno. Aprendem a gostar dele. Gostar do inferno não o torna um lugar melhor.

As pessoas como eu costumam queixar-se da vida: “é um inferno”, dizemos. Mas nunca descemos a esse lugar, sabemos só de ler nos jornais, de ver as fotografias, do cinema. Nós somos os que atingiram o céu, sabemos lá porquê! Mas já percebemos que até o céu precisa de obras de renovação e conservação. Alguém devia dizer ao papa que o céu, sendo melhorzinho que o inferno, não é nada perfeito. Mete água quando chove, o aquecimento não funciona bem e o ar condicionado está sempre avariado. No inferno as infra-estruturas são frequentemente muito melhores.
O céu e o inferno existirão sempre, para sempre, aqui, contíguos. Em nenhum lugar fora da Terra. Aqui. E a missão de quem os habita será sempre a mesma. Quem vive no céu deseja melhorá-lo, acreditando que isso diminuirá o âmago do inferno. Quem vive no inferno não quer nada, só acordar vivo. Alcançar diariamente os meios para satisfazer as suas diversas necessidades de prazer. Estar-se nas tintas para o céu que não lhes calhou. Ironizá-lo. Desmerecê-lo.

Se eu tivesse nascido no inferno ou lá tivesse ido parar, fazia como os infernícolas: batia todos os dias à porta do céu para aí despejar, com um sorriso cínico, baldes do lixo mais fedorento, e gozava na cara de quem me abrisse a porta.
Eu podia ter nascido no Inferno. Eu podia ter ido lá parar pelos meus próprios pés.


Foto - Susan Meiselas, Portugal, Cova da Moura, 2004

15 de dezembro de 2005

Os "homens bonitos" por Pedro Mexia

Já tive oportunidade de exprimir a minha decepção com as memórias de Maria Filomena Mónica. Mas há uma coisa que aprecio neste livro e noutros textos da mesma autora: Mónica é uma das poucas mulheres portuguesas que explicitamente valorizam e elogiam a beleza masculina. Que eu me lembre, de gente decente e com acesso aos media, só Ana Sá Lopes escreveu algumas vezes sobre o tema. O politicamente correcto domina as mulheres que escrevem nos jornais: elas quase nunca mencionam a beleza masculina. Como se isso não tivesse importância.

É verdade que as mulheres, genericamente, não são tão obcecadas com a beleza como os homens. É verdade que há mulheres e mesmo mulheres bonitas que andam com homens feios (o que agradeço). Mas convenhamos que a beleza masculina não é irrelevante: motiva preferências, traições, tropeções, exclusões, exactamente como a beleza feminina. Os homens assumem a sua obsessão, pagando o preço de serem acusados de superficialidade e misoginia. As mulheres, pelo contrário, evitam a expressão pública desse facto tão simples e evidente: um homem bonito é mais agradável aos sentidos do que um homem feio. Uma evidência que tem evidentemente consequências.

And now, ladies and genteman, for something completely differente ...

Não percebo. Honestamente, não percebo por que é que toda a gente, ou quase, diz que quer deixar que Souto Moura termine o seu mandato como procurador-geral da República com dignidade. Por um lado, parecem, com isso, insinuar que ele a não tem tido. Por outro, não me parece que a sua continuação no cargo por mais oito meses seja algo de dignificador para a Justiça, depois das sucessivas azelhices cometidas na sua condução e das patéticas intervenções públicas que nos tem oferecido. Não ponho em causa a dignidade pessoal do homem, mas sim a sua competência para desempenhar aquelas funções.
Parece-me ser este um exemplo flagrante do deixa andar português, que permite a existência de situações completamente inaceitáveis na Administração Pública, e que têm uma boa quota parte de responsabilidade pelo défice do Estado — financeiro e não só. Não há país que resista quando se premeia a incompetência.

diálogos ligeiramente imaginários

Ele - Estou sim?
Ela - Sim. O que deseja?
Ele - Sou técnico da companhia das águas e estou mandatado para inspecionar as suas condutas.

Conversa de café no mirc

eu> Oi!
ela> Oi, td bem?
eu> tudo! e tu?
ela> tb
eu> asl?
ela> 23 porto
eu> 27 Lisboa
ela> fine
eu> o que fazes?
ela> trabalho num bar
eu> sou estudante [ser desempregado ainda é um bocadinho mais humilhante]
eu> és bar tender?
ela> não sou striper, porquê tens preconceitos?
eu> preconceitos?!? eu?!? não! claro que não!

Nota para o próprio

... escrever aquele post sobre a minha vizinha da cave esquerda.

Eu cá, as mais das vezes (nas lides blogosféricas), digo mamocas.

confesso que já tinha algumas saudades disto ...

6 de dezembro de 2005

A grande incógnita

O que é isso da concertação estratégica?

5 de dezembro de 2005

Nota técnica negativa para Cavaco

Apenas vi a primeira parte do debate, mas Cavaco pareceu-me tenso. Esta é uma das grandes limitações do animal político Cavaco Silva.

Nota positiva para Cavaco Silva

Mostrou que não é o candidato-a-ministro-das-finanças-by-proxy-em-Belém. Mostrou ter as questões económicas na devida proporção tendo em conta o conjunto dos problemas nacionais. Essa foi a outra agradável surpresa deste debate.

Nota positiva para Mnuel Alegre

Mostrou que não é um apenas o-candidato-anti-Soares-e-anti-partidos porque (finalmente) se dicidiu falar sistematicamente sobre assuntos concretos. Se continuar a falar sobre assuntos concretos a sua participação nesta eleição será uma agradável surpresa e uma mais valia para o país mesmo que não seja eleito para Belém.

Com esta treta do bloganço perdi a segunda parte do debate Alegre vs. Cavaco.

1 de dezembro de 2005

dia 11 de Janeiro do ano da gra,ca de 2005

wish me luck

Nestas alturas, vale-me um excelente ansiolitico das saudosas high lands

Mau tempo no canal

O estado do tempo na Covilha em nada difere do habitual estado do tempo, nesta epoca do ano, em Londres. E claro que quando chove e' mais intensamente.

27 de novembro de 2005

Este blog esteve morto (pelo menos dentro do seu autor) durante alguns dias, agora renasceu, qual Fenix. O seu destino a Deus pertence ...

Coisas que me fascinam

a publicidade natalícia.

15 de novembro de 2005

Um pedido da insustentavel leveza do ser

Tragam-me uma pessoa imparcial e eu levantarei o mundo.

Durante os ultimos dias tive que resolver um problema burocratico complicado. Conclui que tinha agido mal na gestao de uma questao muito delicada, e tive que pedir aos outros intervenientes nessa decisao que repensassem o que tinha sido feito.

Optei por rever a decisao feita por uma questao de principios, mas ha uma coisa que eu quero que fique bem clara: isso nao me da o direito de dar sermoes a NINGUEM. Repito a NINGUEM, nem mesmo aos outros intervenientes no processo de decisao.

Isto e' uma das licoes de ouro que aprendi a fazer ciencia e a trabalhar em grupo, nao so nas questoes burocraticas como na tomada de decisoes cientificas.

Para TI so tenho uma coisa dizer: for,ca nisso. Dedica-te ao que e' verdadeiramente importante, e nao mates a cabeca com questoes laterais.

14 de novembro de 2005

Casos de uma vida melancomica

Dona Bina queria dar o link do blog ao chefe, mas depois de ler uns quantos posts descobriu que a coisa podia nao cair la muito bem ...

11 de novembro de 2005

Responsabilidade: (s.f.) 1. tudo aquilo que não me diz respeito 2. conjunto de todas as realidades sobre as quais tenho efectivo poder de decisão

Crédito: (s.m.) 1. reconhecimento por serviços prestados à sociedade 2. reconhecimento social pelo domínio individual de responsabilidade 3. reconhecimento social por tudo aquilo que não me diz respeito.

[Nao sera bem no reino do Canada, e capaz de ser mais para os lados do Reino da Inglaterra, e um certo "democrata" dinamarques e bem capaz de ter as suas responsabilidades]

10 de novembro de 2005

Eu não ando muito bem, mas também não é com estes programas de televisão que lá vamos ...

Um post à moda da Margarida Rebelo Pinto

Estes dias têm de facto sido uma anedota pegada.

Escrevo a M. a perguntal por H. & Co. (leia-se por ela e o namorado) e ele respondeu e cito textualmente removendo as referências geográficas.

"Curioso teres perguntado porque estive com ela ha' dois dias (ela agora esta em * e esta' ca' so' de visita) e perguntou por ti."

Naquela terra de bandidos tudo corria bem até ter aparecido um bandido com escrúpolos.
É fodido.

9 de novembro de 2005

dura lex sed lex

Vida de Bloger

O que chateia o comum dos mortais nos blogs é a exposição pública da pessoa, sinto isso na pele. Tive sempre recursos psicológicos para lidar com isso, ao fim ao cabo só mudei as datas de uns posts e apagar só apaguei dois posts. Nuns momentos lidei com isso melhor, noutros pior.

Mas o que me chateia pessoalmente a mim é que eu evoco outros espaços e isso é que me chateia profundamente. Porque contra isso pouco posso fazer, para alem de ter muito cuidado com o que digo. E quando exorbito posso sempre pedir desculpa.

O menino perdeu o brinquedo

O menino perdeu o brinquedo e quase chorou. A voz tremia, mas ele se aguentou e a lágrima não apareceu. É um menino grande, dizem. Dizem que naquele momento foi grande. Fazer o óbvio e não o absurdo (como tentou outro...) já é coisa louvável no Portugal actual.
Como um menino lingrinhas qualquer ficou contente de não ter sido último na corrida do bairro. Por ganhar ao seu irmão. Por ser o menos lingrinhas dos dois.
O menino que falou mal da Europa, que queria um país de vendedoras de peixes, e seus mercados. Que como Salazar preferia que Portugal fosse pobre e miserável a que mudasse de cara. Pelo menos era o que dizia para conseguir os votos das vendedoras de peixe e dos salazarentos. O menino que depois afinal já queria Europa quando lhe deixaram chegar ao poder, limitando-se finalmente a ser um subalterno de Bruxelas qualquer, a não ser, é claro, quando estivesse em jogo a vida de crianças indesejadas por quem sem as desejar as ousa fazer.
O menino chorou em casa baixinho. Lhe tiraram o brinquedo. A ele, que esperava que um dia o brinquedo dele fôssemos todos nós.
Obrigado a todos por lhe terem tirado o brinquedo a este menino e seus amigos chorões.

Belas frases para completar:

"you know bit, by bit ..." if there is enough lube

O C. e a L. tiveram a primeira filha. Parabens!

5 de novembro de 2005

Prémio não se fala com a boca cheia de bolo rei

Concentração dos media tratada em duas páginas do Público. Numa delas, as posições dos candidatos (alargados) à presidência da República. Louçã tem um pensamento e explana-o. Jerónimo tem um pensamento e exprime-o. Alegre debita um sound byte com sentido de esquerda. Soares emana 1.300 caracteres com os lugares comuns mais banais da última década. A candidatura de Cavaco Silva, contactada pelo Público, mandou o seguinte texto: «A candidatura do Prof. Aníbal Cavaco Silva não tem porta-voz, pelo que as respostas às questões que lhe foram colocadas teriam de ser pessoais. Assim sendo, referimos que o candidato já se pronunciou, sobre essas matérias, nas respostas que tem dado a orgãos de comunicação social e, de uma forma mais directa, no texto do seu Manifesto».
pelo Paulo Querido

A insustentável leveza do ser (a minha, não a do Milan Kundera) descobriu que a consciência cívica é uma caixa de pandora. Será que a insutentável leveza do ser de Thomas também pensa assim?

O dono do blog não toma qualquer responsabilidade por eventuais danos causados pelas fotos contidas nos comentários.

The dinner party

Recebi um convite de uma amiga minha para ir a uma dinner party. Diz-me ela "tens que te dar bem com arquitectos", ora não conhecendo pesoalmente arquitecto nenhum para mim a coisa é igual ao litro soa, a "tens que te dar bem com gente fina". Eu cá desconfio que ela está farta de saber que eu adoro subverter dinner parties ...

É uma pena mas desta vez não pode ser, fica para a próxima.

London wait for me

Do dia 22 ao dia 26 vou estar em Londres. Vou submeter a minha t**e de doutoramento.

[Para a minha leitora Imperialista: Doutora força nisso, já faltou mais. Bem sei que o rabo do coelho é a parte mais dificil de esfolar. Pensa assim, depois do dia em que submeteres a coisa nunca mais tens que pensar nela. O tal amigo de 80 e tal anos diz que já submeteu aquilo há 50 anos, e nunca mais pensou no assunto.]

Nunca me tinha acontecido isto

Quando descubro um blog com menos de 3 meses, desconfio sempre. Não é por nada, ao fim ao cabo todos já tivemos menos de 3 meses (e eu ainda me considero bastante novinho). O problema é que é muito dificil perceber se esses blogs existem para mandar bocas ad hominem ou se são projectos que se pretendem prolongar no tempo.

Falando de coisas sérias: descobri um blog que só tem 10 posts e que queria mesmo linkar, mas das duas uma filha ou tiras as fotos ou então nada feito!

4 de novembro de 2005

- Oh! You tell me that I should sign my death sentence for burocratic reasons?!
- Yes I do!
- That's ok then!

"Isso eu posso explicar."

Mas ouve lá, quantas vezes é que é preciso explicar-te que é justamente o que em princípio não me podes explicar que me interessa?

Não acreditas no meu arcaboiço?

Olha, se é rock'n'roll, para mim é igual ao litro.

Se for sexo ou outras coisas é outra história! O que realmente me faz rir é que o filme que me passou pela cabeça só me poderia envergonhar a mim e nunca a ti.

3 de novembro de 2005

Alguem me explica ...

... porque é que sendo a insustentável leveza do ser uma senhora tão elegante só consegue impor a sua vontade dando murros na mesa.

Há aqui algo de profundamente errado.

29 de outubro de 2005

aviso já que a Margarida Rebelo Pinto ainda tem muito que aprender comigo ...

resta saber quantas páginas aquela coisa tem de momento

Acho que estou prestes a acabar aquela coisa, que não me atrevo a dizer textualmente

do Pedro Lomba

Acho que tudo se permite a um político, excepto ser infantil. Na ânsia de atacarem Cavaco Silva com o pânico de uma hipotética presidencialização do regime, que entretanto o próprio já tratou de afastar, as nossas esquerdas não perceberam que estão a transformar o debate político sobre as eleições presidenciais numa disputa banal e infantil. Em vez de discutirem discursos políticos que se contrapõem, criticam comportamentos imaginários do futuro presidente. Em vez de se preocuparem com o que existe, tentam assustar com que na sua cabeça aí vem. Em vez de obrigarem os candidatos a terem ideias, obrigam-nos a conterem-se.

De momento, esse parece-me ser o maior risco que pesa sobre as próximas eleições presidenciais. Se a coisa continuar neste registo em que a política se transforma num içar de fantasmas, será impossível haver qualquer debate entre os candidatos que não passe pelos perpétuos lugares-comuns da "estabilidade", do "optimismo", da "união de todos os portugueses". Confesso que não percebo bem o que é isso da "união de todos os portugueses", um estilismo inútil que tem sido usado várias vezes. Já fiz a minha escolha nestas eleições. Colaborarei, para que não haja dúvidas de clareza, na candidatura de Cavaco Silva. Mas nunca seria por causa da "união de todos os portugueses", uma trivialidade sem sentido, que decidiria o meu voto.

A principal consequência desta escola de pensamento que infantiliza a controvérsia política é que ganhará aquele que menos disser ou, numa segunda alternativa, aquele que acabar por dizer tudo e o seu contrário. Admito que num país dramaticamente dividido entre aquilo que quer e aquilo que pode ter as coisas acabem por se decidir assim. Mas isso não me parece bem. Quero que as próximas eleições presidenciais sejam eleições para adultos.

25 de outubro de 2005

ab sexo

Custa a crer quem um programa de tão boa qualidade está na mesma grelha de programação que o Fiel ou Infiel.

23 de outubro de 2005

Paulo Querido

A terminologia é importante. Hoje tomei duas decisões, uma delas relacionada com a terminologia. Fui dos primeiros adoptantes do termo "blogue", com plural em "blogues", embora nunca tenha aderido aos "blogueiros" ou "bloguistas". Hoje quero voltar atrás. Reconsiderei. Sei que os neologismos, que são a seiva de uma língua, comportam riscos. Mas nem foi por isso que reconsiderei. Não sei realmente porque reconsiderei; é uma espécie de reconciliação comigo mesmo, penso que fui demasiado lesto a adoptar o termo e tenho responsabilidade porque escrevo num jornal.

Doravante, comigo um weblog é um weblog ou, no mínimo, um blog. Em itálico, porque é um corpo estranho à língua. Embora aqui ou ali possa esquecer-me do itálico... Como muitos de nós fazemos ao marketing, um dos termos transnacionais mais antigos. Uso mais facilemente, sem resistências, os transnacionais ou multiculturais que os neologismos -- e acho que faz todo o sentido.

Há um tempo para um corpo estranho entrar, se entranhar, na língua. Vou respirar esse tempo e entretanto saborearei a palavra blog com a curiosidade de ver se entra pelo "blogue" ou por outro neologismo, e ainda quanto tempo se aguenta. Chofer acabou por entrar, mas ninguém usa o neologismo, preferindo as palavras portuguesas (motorista ou até condutor) ou o estrangeirismo inicial chauffeur. Tornou-se num arcaismo...

Como é que alguém no mundo em que vivemos pode fazer trabalho original em literatura depois de Kafka?

O que é que o BdE tem de diferente do Barnabé?

A propósito da crise que se vive agora no Bde registro com particular agrado um comentário de um tal de jm nesta caixa de comentários:

quando o texto, pela sua naturza intrínseca, se assume como ficção, e neste caso ficção satírica, vale tudo. O mal da nossa sátira é ser muito bem educada, muito politicamente correcta, muito respeitosa, muito padreca, ou seja, é não ser SÁTIRA. O respeitinho e esas merdas nunca criam uma boa sátira. Isto às vezes torna-se monótono e hipócrita de tanto «respeitar a opinião dos outros», parece uma casa de putas para padres. (o bold é obviamente meu)

(É pena ter estado fora sem RSS feed a funcionar se não punha aqui o post original do Luís Rainha)

não tenhas medo, vem ter comigo

(para a Morgan)

não tenhas medo
vem ter comigo
porque falas de paixão?

O meu coração sabe que paixão é sinónimo do medo.
do medo só
mais nada

Este coração já se apaixonou (louca e literalmente).
Por isso, sabe bem o que é temer.

vem ter comigo
não tenhas medo

Porque falas de paixão?
Não sabes que as palavras são perigosas?
Despertam os fantasmas adormecidos.

Fala baixinho
aproveitemos.
Antes que os fantasmas acordem,
vem ter comigo.
Une-te a mim.

Temos que ser rápidos
enquanto os fantasmas ainda dormem.
só unidos venceremos
vem ter comigo
não tenhas medo

sei do que falo

este coração já jorrou o sangue da paixão
As velhas feridas ainda pulsam,
sob as duras cicatrizes.
estas lágrimas que vês fizeram das feridas cicatrizes
jorra as tuas lágrimas sobre as minhas feridas
eu jorrarei as minhas lágrimas sobre as tuas
vem ter comigo

Vês?

vem ter comigo
juntos viveremos o amor temperado dos velhos amantes

não tenhas medo
com nossas nossas lágrimas ungiremos o coração um do outro
ficaremos mais fortes

sim
com cicatrizes
mas mais fortes
se os fantasmas vierem estou certo que venceremos

não tenhas medo
vem ter comigo

22 de outubro de 2005

Filho tu deixa a droga!!!

Eu tenho que me deixar desta merda de comentar blogs de ciência, mas entretanto ainda sou capaz de ter que tratar de uns assuntos de veras delicados.

20 de outubro de 2005

Esta nao e' a minha praia

De facto eu e o Pedro Oliveira nao somos da mesma praia, mas tenho que reconhecer que ele e um excelente blogger politico. Tenho apenas pena que por vezes abuse um pouco da linguagem, mas isso todos nos fazemos na blogosfera.

Entra Todo o Mundo, jornalista, e faz que procura alguma coisa que perdeu; e logo após, um homem, trancando cuidadosamente o seu Opel Corsa que anda a pagar a prestações. Este chama-se Ninguém e diz:
Ninguém: Que andas tu aí buscando?
Todo o Mundo: Mil coisas ando a buscar: não as consigo achar, mas faço de conta enquanto ninguém inventar a história que vou contar.
Ninguém: Como te chamas, senhor?
Todo o Mundo: O meu nome é Todo o Mundo e ocupo o tempo inteiro sempre a buscar dinheiro e artigos de fundo.
Ninguém: O meu nome Ninguém, e busco a ciência.
Belzebu: Esta é boa experiência: Pedrão, escreve isto bem.
Pedro: Que escreverei, companheiro?
Belzebu: Que ninguém busca ciência, e todo o mundo dinheiro.

Ninguém: E agora que buscas lá?
Todo o Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: E eu liberdade, tomara que tenha a sorte de a encontrar já.
Belzebu: Outra adição nos acude: escreve logo aí, a fundo, que busca honra todo o mundo e ninguém a liberdade.

Ninguém: Procuras mais além disto?
Todo o Mundo: Procuro quem me louvasse o mais inconsequênte rabisco.
Ninguém: E eu quem me ensinasse cada coisa que não saibo.
Belzebu: Escreve mais.
Pedro: Que tens sabido?
Belzebu: Que todo o mundo quer ser sempre louvado, e ninguém ser ensinado.

Ninguém: Que mais queres, amigo meu?
Todo o Mundo: Quero a vida a quem ma dê.
Ninguém: A vida não sei que é, a morte conheço eu.
Belzebu: Escreve lá outra sorte.
Pedro: Que sorte?
Belzebu: Muito garrida: Todo o mundo quer a vida e ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E ainda queria tudo, sem a ninguém atrapalhar.
Ninguém: E eu ponho-me a pagar quanto devo para isso.
Belzebu: Escreve com muito aviso.
Pedro: Que escreverei?
Belzebu: Escreve que todo o mundo quer tudo e ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Gosto muito d'enganar, e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo sem nunca me desviar.
Belzebu: Ora escreve lá, compadre, não sejas tu preguiçoso.
Pedro: Quê?
Belzebu: Que todo o mundo é mentiroso, e ninguém diz a verdade.

Ninguém: Que mais buscas?
Todo o Mundo: Engraxar.
Ninguém: Eu sou antes verdadeiro.
Belzebu: Escreve, anda lá, mano.
Pedro: Que me mandas escrevinhar?
Belzebu: Bate aí bem no teclado, atira esta p'rá lista: Todo o mundo é graxista, e ninguém é verdadeiro.

o elogio da informação da TVI

Acho que já todos percebemos que a TVI e' a maior porcaria do panorama televisivo nacional. Nesse contexto algo que me preocupa particularmente e' a falta de qualidade dos programas informativos, que muitas vezes mais não são do que infotainment. Quero dizer: la que eles queiram impingir ao telespectador as piores telenovelas e os piores reality shows do mercado e' chato mas e' perdoável.

O que e' de facto imperdoável e' a falta de qualidade dos serviços noticiosos das 13 e das 20h.

O que me surpreende e' que a qualidade do serviço noticioso das 7h da manha na TVI e' em tudo idêntico ao da RTP. Porque será? Será que os espanhóis e' que vão melhorar a qualidade do serviço noticioso da TVI ao serviço dos telespectadores portugueses?

E' muito estranha a minha situação nesta materia: a padeira de Aljubarrota que há dentro de mim pede que a TVI seja vendida aos espanhóis para que a qualidade do serviço informativo da TVI melhore a bem da nação.

18 de outubro de 2005

Aviso

Tenham muiiiito cuidado com o envio de emails em que pedem respostas por escrito ...

Insustentavel leveza do Ser 1 - Diabo 0

A Insustentavel leveza do Ser aguarda o contrataque do diabo.

16 de outubro de 2005

Eu gosto muito de filmes americanos, justamente por que só os maus é que levam com balas na corneta! Nunca percebi é porque é que os americanos são sempre os bons ...

14 de outubro de 2005

"Conheço o meio literário, porque o meio é pequeníssimo e é fatal que nos encontremos aqui e ali. Mas escrevo sobre textos, não sobre pessoas, e isso é sagrado. Há escritores que estimo pessoalmente e não literariamente e outros que aprecio no plano literário e não no aspecto pessoal. Há escritores que me insultaram e que depois elogiei."
Pedro Mexia in DN

12 de outubro de 2005

A insustentável leveza do Ser

Estou num terrível confronto com a insustentável leveza do Ser. Refiro-me ao romance de Milan Kundera claro!

11 de outubro de 2005

Difamação

O nome de Herman José voltou a ser referido no julgamento Casa Pia. O jovem que está a depor, considerada a principal testemunha do processo, garante ter sido vítima de abusos sexuais por parte do apresentador [...] Questionado pela defesa de Carlos Cruz, a testemunha garantiu ter sido abusado sexualmente pelo apresentador numa casa em Azeitão.

Após esta resposta, o advogado Ricardo Sá Fernandes perguntou à testemunha se tinha sido Carlos Silvino da Silva ("Bibi") a levá-lo ao encontro do humorista.

Mas neste momento o jovem pediu para falar com os seus advogados, já que a defesa decidiu não que a testemunha não devia responder à questão, com o argumento de poder incorrer em procedimento criminal.

[...]

Os advogados lembraram que já no decurso do julgamento foram movidos contra o mesmo jovem queixas crime pelos representantes legais do ex-deputado socialista Paulo Pedroso e pelo antigo líder do PS Ferro Rodrigues, por declarações prestadas em tribunal.

A juíza presidente do colectivo deu razão aos representantes do jovem, considerando que a lei é expressa nesta matéria e que ao assistente cabe o direito de não responder se entender que a resposta pode levar a procedimento criminal contra si.

A defesa de Carlos Cruz não concordou e, num longo requerimento, alegou que o tribunal não pode decidir desta forma, porque o facto de impedir a formulação deste tipo de questões põe em causa o direito de defesa dos arguidos.

[...]


Este post é a prova que a frase "o Direito só é recordado quando nos atinge directamente" constitui uma declaração difamatória. Procura-se advogado! E essa história de "fecharem os cursos de direito" ainda vá que não vá, DESDE QUE voltes a postar!

10 de outubro de 2005

Frases geniais

Um gajo quando quer ser doutor dá por si a escrever coisas geniais.

"This is extremely important for technological applications and
also extremely interesting technologically."

É o que dá andar sempre a pensar no choque tecnológico ...

9 de outubro de 2005

ginger e os Chats

Eu e os chats é mentira. Tarde e a más horas os descobri mas deixei-me disso quando vim para os blogs. Foi tipo trocar a droga por metadona. Apesar de tudo considero este vício mais saudável, e espero ainda um dia deixar de sentir-me mal quando não tiver uma ligação à net num raio de cinco metros.

Nos chats a coisa que me chateava solenemente era o interluctor querer normalmente saber, em dois minutos, a vida duma pessoa. Tipo ir a uma loja de roupa, perguntar se tem aquele modelo em azul, o outro em vermelho, isto e aquilo, uma curiosidade sôfrega. Fazia-me uma espécie do camano.

Depois adorava aquela coisa do "eu-sou-gajo-desculpa". Fartei-me de me fazer passar por gaja, só para curtir o filme, gozar a paisagem.

Não se nota muito no blog, mas eu sou brincalhão por natureza, e até gosto um pouco de psicologia, fiz umas cadeiras na faculdade. Gosto de observar pessoas, ver as suas reacções. As pessoas são a coisa mais cómica à face da terra. E os chats são um locus engraçado para observar o comportamento humano, truncado porque não estamos face a face com os outros. Também me divertia comigo, um gajo saber dos defeitos dele e rir das suas patakuadas é uma coisa bastante importante.

Depois de começar a apanhar as siglas, os smileys, topar em duas ou três frases quem tem uma conversa interessante, quem não tem, começa a surgir a curiosidade de conhecer quem está para lá do écran. É inevitável. Não foi logo, eu queria manter o mundo real separado do virtual, mas às tantas esse princípio foi criteriosamente abandonado.

E aqui tive cenas do arco da velha. Mesmo.

Desvirtualizar uma relação pode ser complicado. Existem expectativas, sempre. Uma imagem criada da outra pessoa.

Corri uma série de situações típicas: desde a rapariga com uma conversa espectacular no chat e feia como um bode, a simpática com quem se troca discos, a desvairada com quem se dá duas e nunca mais se vê na vida e até uma jeitosa que se enganou por uns quantos uns meses.

A páginas tantas inventava histórias, nunca entrava com o mesmo nick, nunca era a mesma pessoa. Era já doentio. Um vício. Foram seis meses de perfeita loucura após ter instalado o software.

Até que disse basta, tirei o MSN do PC, utilizava o MIRC, mas era às vezes e para o mundo real, em horário de expediente e para poupar no telemóvel.

A seguir veio o blog e uma forma de comunicar quase unilateral, mais mediata. Porreiro.

Tenho hoje adquirido para mim o seguinte: quem navega na net tem grandes pancas. Uma boa percentagem, onde eu naturalmente me incluo. Pude comprovar isso mais uma vez nos blogs comunitários em que participei, e onde em má hora voltei a instalar o MSN.

Hoje a minha conta de mail não está associada a nenhum chat e limito-me a teclar, de quando em vez, com a minha guru para obter conselhos relativamente ao alinhamento do blog.

A curiosidade de conhecer pessoas através da net foi-se. Gosto de trocar ideias, mp3, piadas, charadas. É uma dimensão paralela, complementar à real e está muito bem assim.

Os chats já foram. O blog mais tarde ou mais cedo também vai marchar, embora a música seja um íman muito grande.

Sinto-me no caminho da cura...

[não tem mal, ginger. um post mais a sério em 354, não é nada, ânimo!]
[não, não posso deixar esta merda assim, deixa-me escrever mais qq coisa]

A carteira ou a vida!


olha pá toma lá a vida porque tenho muito amor à carteira!

O p(h)oder é uma temática recorrente das conversas entre homens e mulheres.

Justaposições poéticas

"Sou filho desta terra e vou fazendo anos pois não se pode estar sem fazer nada."
Ruy Belo

"Nada tenho
Nada sei
Sou livre"
Nikos Kazanizakis

A sua falta de profissionalismo era uma profissão por si só.

Argumento a favor do café:

a importância de um sono descansado em momentos de elevada tensão psicológica ...

O cúmulo da demagogia ...

... é uma pessoa à esquerda do PS que não trabalha na função pública argumentar que é sensato apelar ao voto contra o PS para penalizar o esforço que o PS tem feito para limitar os privilégios dos trabalhadores da administração pública.
[Há pessoas que só abrem a boca para que saia uma mosca ou para se enterrarem]

O arquitecto do renascimanto da selecção portuguesa

8 de outubro de 2005

É a dinâmica de vórtices estúpido

No dia 15 de Novembro pelas 14 horas terá lugar no Departamento de Física do Instituto Superior Técnico um seminário intitulado "Intermittency in Low Temperature Vortex Dynamics". Um amável convite do professor Pedro Sacramento do CFIF.

Rais-ta-partam se eu entendo estas bolas!!!

Acabei hoje de escrever uma parte importantíssima da introdução minha tese. O subcapítulo que discute a equação de Lawrence Doniach. Eu explico.

Esta equação é a equação que descreve a energia de um sistema supercondutor de alta temperatura. Estes materiais distinguem-se dos supercondutores convencionais por se comportarem como supercondutores a temperaturas acima dos -160ºC. Parece uma temperatura muito baixa, mas tecnologicamente é uma temperatura bastante elevada, pois permite o uso de Azoto líquido como material refrigerante e não de Hélio Líquido sendo o primeiro é bastante fácil de obter. Qualquer pessoa já deve viu recipientes com Azoto liquido num hospital algures no corredor, porque este material é utilizado para refrigerar os tais supercondutores de alta temperatura nos magnetos de importantes equipamentos hospitalares (pronto está bem -160ºC é uma temperatura muito baixa).

Voltando à equação. A equação para a energia deste tipo de sistemas permite descrever o seu comportamento completamente, obtendo-se uma equação para a posição e outra para a velocidade dos electrões supercondutores. Mesmo num sistema quântico a ideia de base é muito elegante. Suponham vocês que colocam uma bola numa superfície irregular, é fácil de prever o movimento da bola e descrevê-lo por uma equação. O problema num sistema quântico é que não podemos saber onde está a bola, apenas a probabilidade de encontrar a bola num certo local a cada instante. A dita equação com um nome complicado apenas prevê a evolução da probabilidade de encontrar o electrão (a tal bola) num certo lugar.

Mas porque é que eu vos estou a dar esta seca? É simples, perdi uma semana para escrever de uma maneira compreensível a equação da velocidade da tal bola ou dos tais electrões. Mas porquê? Pois, é que aquilo que vos vou explicar a vocês agora aparentemente é muito difícil de explicar a estudantes de doutoramento, e por isso aqui o estudante perdeu uma semana. Eu explico!

Os materiais supercondutores de alta temperatura são supercondutores apenas quando as tais bolas (salvo seja) se deslocam na direcção horizontal mas não na vertical. Quando as tais bolas se deslocam na vertical o material é "isolante". Porquê? Porque essas tais bolas-electrões só se podem deslocar livremente (ter comportamento supercondutor) quando se deslocam nas camadas horizontais de óxido de cobre; quando pretendem deslocar-se na vertical têm que se deslocar de uma camada para a outra e isso em principio seria impossível porque as camadas adjacentes são separadas por camadas de material isolante. Aqui é que está o mistério quântico: as tais bolas-electrões podem atravessar as camadas isolantes dando um salto quântico. A equação que resulta para a velocidade dos electrões é um tanto ao quanto complicada. E só aparece em alguns artigos da especialidade, e eu perdi uma semana para perceber isso.

Perceberam? Pois, eu (e o resto dos estudantes de doutoramento) também não, mas não desanimem que ainda têm uma semana para perceber o meu texto. Caso contrário seria injusto não acham?

Branco mais Branco não há ou como o Guterres lavou as mãos dos orçamentos Limianos ...



Uma bela noite, uma da madrugada ou mais, dirigi-me à dispensa devido à escassez de estimulantes e alucinógenos em casa. À falta de melhor abafei uma embalagem de Skip Nova Fórmula (versão 8374a) e Pronto Limpa Mòveis (Spray Nasal).

Enquanto comia o Skip com leite e dava lustro nas orelhas e nariz, um qualquer canal de TV passava uma entrevista com essa chica aí do lado. Não prestei muita atenção, claro. Mudei logo para a CNN à procura da última calinada de Bush.

Fiz depois um pouco de TV Shop e fui-me deitar...

Adormeci branco mais branco, cheio de óleo de cedro nos coiratos, reconfortado com a ideia do mundo ser um sítio bom para se viver.

Isto até às quatro da manhã, quando a Paz Vega começou a chamar por mim, gritando aos quatro ventos té quiero comer, té quiero comer, cariño!!! Dito e feito, estivemos a rever a gastronomia ibérica hasta las oito da matina, altura escolhida pelo despertador para uma tentativa de assassinato.

Levei a mão aos boxers naquele gesto tipicamente masculino, utilizado também pelos Economistas para falar de forma ligeira sobre a produtividade nacional. (Coçei-os, portanto.) Qual não é o meu espanto quando noto que de Espanha tinham aberto as barragens, provocando uma tremenda inundação, lençóis incluídos!

(Mierda)

Como já não tinha detergente, ao sair de casa passei pela lavandaria para deixar a roupa de cama...
(pela Ginger)

Messias

Lula ao não haver demitido do governo quando se descobriu o caso "mensalão" matou de uma vez por todas no Brasil e não só as ilusões simplistas e bobas da esquerda ingênua que uma vez mais embarcou em messianismos. Os messianismos são assim: ou terminam em desilusão ou em tragédia. Melhor terminar em desilusão não é?

7 de outubro de 2005

Efeitos secundários da tese ... ora deixem cá ver ...

E pergunta o juri:
- Quais é que foram os efeitos secundários da escrita da tese a um nível psicológico?

(É isso e é aquela velha treta do outro que só sabia que nada sabia, que repentinamente faz todo o sentido.)

Ó sra. polícia conto-lhe já tudo não precisa de insistir tanto, algemas ainda vá que não vá mas mais que isso não

6 de outubro de 2005

Qual choque tecnológico qual quê!

Our client is a major player in the chemical industry and it's seeking for candidates to occupy a 'His Master's Voice' position in its staff.

Your job, should you accept it, is to sit on your knees, put a cute orange paper hat on your head, lean a bit forward, bend your arms a little and bark.

If manage to do it all day long, without going to the toillet, or having any lunch breaks, you'll get a medal.

Send your resume to us right now, with a bizarre photo of yourself.

The first ten to apply will get a rubber duck with their names on.

(a característica da minha personalidade de que eu me orgulho mais é a profundidade da minha garganta)

Mas quando é que acabas esses perliminares? Quer dizer essa introdução ...

Quando se tem uma tese para escrever vale tudo!

(menos chincar olhos)

(via ginger)

Renhido...sim senhora

Classificaram o campeonato português de futebol como 11º mais competitivo do mundo! que honra! Sinceramente, Superliga!? a única coisa de competitivo que este campeonato tem é o valor do suborno que pagam aos árbitros...também como é que esperam que um campeonato seja competitivo se o clube vencedor da "champions" mude de treinador quatro vezes num campeonato!? a liga Calcio, campeonato italiano, ficou com o título de campeonato mais competitivo do mundo, pela extrema dificuldade em marcar golos. Mas se pensarmos, será pela dificuldade em marcar golos ou é falta de pontaria?

1ª Companhia

Muito se tem dito sobre a possibilidade de uma empresa espanhola comprar parte do capital social da empresa que administra a TVI. Possivelmente a soberania nacional estará em risco. Mas os senhores da TVI que me desculpem, com a qualidade de programação da TVI eu sinto-me tentado a dizer que de espanha dificilmente virá mau vento ou mau casamento ... a menos que pensemos que aquilo que nos servem no prato seja bom desde que seja nacional.

"The point is that you are facing a true problem. If you go to the root with all you've got, there is no way you won't injure family, friends, and innocent bystanders."

Norman Mailer

5 de outubro de 2005

Bibliometria o caraças ou chama-lhe puta antes que te chamem o mesmo a ti

Estalou a polémica em torno do ranking de universidades públicas. De acordo com o estudo de Sousa Lobo, a Universidade de Aveiro lidera a investigação universitária em Portugal com 1,5 artigos publicados no estrangeiro por cada professor da instituição. O problema é que esse indicador está fundamentado no Institute for Scientific Information, que subrepresenta a produção em ciências sociais. Para isso mesmo alertou o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, numa contestação que foi de imediato secundada por dirigentes da Universidade-da-Vida. Em conferência de imprensa, quatro representantes daquela instituição (duas prostitutas moldavas, uma brasileira e um preservativo com estrias) referiram que o estudo «é pouco inovador» e prejudica a verdadeira dimensão de actividade dos seus investigadores, «que vai muito além do fellatio e da posição de missionário, práticas muito pouco competitivas nestes tempos de globalização». Segundo Natasha Ivanova, com 23 anos rijinhos, os programas da Universidade-da-Vida são cada vez mais completos e diversificados, adaptando-se «aos desafios propostos por Bolonha», a estágios de clubes de futebol e a acampamentos de escuteiros. Esclarecidas as reservas ao ranking, a conferência de imprensa acabou com a notícia de um pacote de descontos numa casa de alterne em Tui, prometendo-se a devolução do IVA em talões de desconto para o fim-de-semana seguinte. Mas que podem também ser trocados por vibradores em segunda mão.

debates autárquicos

São interessantíssimos - de uma perspectiva antropológica, claro.

O chato do Outono/Inverno é que anuncia-se para breve o fim dos decotes.

Sejamos claros, gosto muito de decotes. Mas discordo do título deste post (pelo menos em parte). É que aqui o meu Zezinho também gosta de um bocadinho de paz.

3 de outubro de 2005

Mais do mesmo:

Last fall I did draw a research project to go and spend two months living among the Pashtuns of Afghanistan and Pakistan, and report back on the state of feeling, mainly with a view to how great is the threat of future unrest and support for extremism, with particular reference to the war on drugs. Not one single American or European institution we’ve approached so far – and we’ve approached a lot of them – was willing to fund that. Either they don’t fund research in the field, or all their money is spent in building democracy and civil society projects. It’s pretty damn striking that, with Osama bin Laden still sitting up there on the Pakistan-Afghanistan border, with Mullah Omar and the rest of the leadership of the Taliban, nobody wants to pay for that. I would have assumed that people would be queuing up to throw money at a project like that. Well, the first 15 institutions we approached were simply not interested in that kind of research. This is after 9/11, with Osama bin Laden there, with the Islamists winning the elections in the Pashtun areas. That tells you something, doesn’t it?

Ainda o Anatol Lieven na mesma entrevista

Not having studied European history, a lot of liberal commentators don’t understand the importance of having, in European terms, a priest in every village. How can one possibly write the modern history of Spain, or Portugal, or France, or almost anywhere else in Europe except maybe England, without speaking of the importance of religion?

Anatol Lieven em entrevista ao Ivan Nunes a ao Pedro Oliveira

Well, I suppose… I think that perhaps in Europe I would have written a softer book on that, but there is this deadening conformism in which you’re expected continually to pay tribute to. It does tend to suppress debate. The other thing is, I’ve lived in very rough parts of the world, as a journalist, and I do find this whole idea that a world community of NGOs can somehow substitute the state deeply foolish. When you get an absence of the state, and NGOs try to run the show, what you get is Somalia. It doesn’t work. NGOs don’t have armies, they don’t have police forces, all they end up by doing is hiring warlord militias to protect them, so, in a sense, they perpetuate and subsidize anarchy. But it’s not their fault. If they’re there to distribute food, or distribute education, they need protection. The alternative would be to allow George Soros to get together with a number of other people and hire themselves a mercenary army, a division of gurkhas, and send them into Congo or Somalia. Sometimes there seems to be a detachment of certain basic political realities, which is not to say that their long-term goals aren’t good. Of course they’re good, I support them, they’re desirable ends of Humanity. But, if you’re honest, things do require trade-offs. You know what police forces are like in much of the world, including in democracies. Look at the Brazilian police: Lula da Silva’s government tried to crack down on police corruption and extortion and it seems that what happened was that the police concerned decided to send a small message to the government not to do this kind of things. So they killed 30 homeless people in a shelter one day. But, at the same time, when we go to Brazil, we don’t want the police just to vanish, and equally we have to think very seriously on how hard to crack down on police corruption and extortion. I talked to a senior police officer in Pakistan, who said: «look, if the government here really tried to get the police to obey the rules, you know what would happen? The police would do nothing.» «They don’t really do much anyway», he said (he was pretty drunk at the time), «but if you’d really crack down on them, they would do nothing, and then what would happen to this society?»

There are realist trade-offs in this world, which is not to say that things cannot be changed. But you have to consider the fact that, except for a period of about a year, India has been a democracy since 1947, and yet in India the police behaves with absolutely bestial cruelty to anybody suspected of crime who doesn’t have political or criminal protection. And that says something about the fact that, leaving aside the connection between democracy and economic development, even the connection between democracy and human rights is more ambiguous than people think. I’m no advocate for the Chinese police, but, if I were a poor person, I’d rather be arrested by the Chinese police than by the Indian police, despite the fact that China is a dictatorship and India a democracy, because the Chinese police is a bit more under control. This isn’t of course true if you’re a political dissident, in which case I’d much rather be arrested by the Indian police. As long, of course, as one’s not an armed dissident: in that case, the Indian police will torture or kill you as well.

A cona das pretas pela Isabela

(com uma curtíssima nota final sobre o falocratas dos tempos modernos)

Os brancos iam às pretas. As pretas eram todas iguais e eles não distinguiam a Madalena Xinguile da Ermina Cachamba, a não ser pela cor da capulana ou pelo feitio da teta, mas os brancos metiam-se lá para os fundos do caniço, com caminho certo ou não, para ir à cona das pretas. Eram uns aventureiros. Uns fura-vidas.

As pretas tinham a cona larga, diziam as mulheres dos brancos, ao domingo à tarde, todas em conversa íntima debaixo do cajueiro largo, com o bandulho atafulhado de camarão grelhado, quando os brancos saíam para ir dar a sua volta de homens, e as deixavam a desenferrujar a língua, que as mulheres precisam de desenferrujar a língua umas com as outras. As pretas tinham a cona larga, mas elas diziam as partes baixas ou as vergonhas ou a badalhoca. As pretas tinham a cona larga e essa era a explicação para parirem como pariam, de borco, todas viradas para o chão, onde quer que fosse, como os animais. A cona era larga. A das brancas não, era estreita, porque as brancas não eram umas cadelas fáceis, porque à cona sagrada das brancas só lá tinha chegado o do marido, e mesmo assim pouco, e com dificuldade, que elas eram estreitas, muito estreitas, portanto muito sérias, e convinha que umas soubessem isto das outras. E limitavam-se ao cumprimento das suas obrigações matrimoniais por procuração, sempre com sacrifício, pelo que a foda era dolorosa, e evitável, por isso é que os brancos iam à cona das pretas. As pretas não eram sérias, as pretas tinham a cona larga, as pretas gemiam alto, porque as cadelas gostavam daquilo. Não valiam nada.
As brancas eram todas mulheres sérias. Que ameaça constituía para elas uma negra? Que diferença havia entre uma negra e uma coelha? Que branco perfilhava filhos a uma negra? Nem as distinguiam! E mesmo que distinguissem... como é que uma negra descalça, de teta pendurada, vinda do caniço a saber dizer, sim patrão, certo patrão, dinheiro patrão, sem bilhete de identidade, sem caderneta de assimilada, podia provar que o patrão era o pai da criança.
Que preta é que queria levar porrada?


[À parte da questão racial é de lamentar que ainda que a escravatura já tenha acabado em certas instituições (que gostam de ser respeitadas na praça pública) continuem a haver falocratas que usam do mesmo tipo de estratagema para se envolverem sexualmente com as mulheres que para eles trabalham. Não querem lá ver que o poder continua a ser um grande afrodisíaco ...]

A Isabela chegou e disse:

"Tive um pai muito presente, que encheu a minha vida e emoções e me marcou profundamente. Mais que a minha mãe.
No entanto, não acho que seja fundamental uma criança ter um pai e uma mãe no sentido tradicional. Pode ter só um ou 2 mães ou 2 pais. É importante que a criança seja respeitada, estimada, que lhe sejam transmitidos valores correctos.
As mulheres, hoje em dia, estão muitos conscientes da precariedade das relações; não toleram muitas coisas que antes se toleravam aos homens.De forma geral, as mulheres mudaram mais e mais rapidamente. Tornaram-se completamente autónomas dos homens, financeiramente. Não é que tenham algo contra eles. Não precisam é deles, como nos velhos tempos em que não trabalhavam e estavam sujeitas ao que viesse. Isso mudou completamente as estruturas. Irreversivelmente.
Uma mulher precisa de um homem para conceber um filho, mas não precisa de aguentar uma relação sentimental falhada para o criar.
Eu gostaria que um filho meu tivesse pai, que estivesse com ele, mas não seria obrigatório morarem na mesma casa. Embora isso também pudesse acontecer. Eu poderia ser uma óptima amiga do pai do meu filho e não ir para a cama com ele. Ou ir. Tanto faz. Hoje em dia..."

Há 15 anos

2 de outubro de 2005

Campanha para a Junta de Freguesia

Ainda hei-de escrever um post sobre a campanha eleitoral para a Junta de Freguesia onde era suposto votar. É como a campanha para a Associação de Estudantes da Escola Secundária mas com personagens mais grisalhos.

[Vou-me abster de reproduzir os comentários que foram feitos sobre a forma de vestir da candidata do sexo feminino, ou melhor do Partido Socialista. Também, o que é que esperavam, naquela terra quando a primeira emigrante decidiu fazer top-less no SEU terraço foi admoestada pelos vizinhos para não expor as brancuras ... já para não falar no antigo padre da aldeia, mas isso era outro blog ...]

Stonehenge

Já aqui disse que a arqueologia é de todas as disciplinas da história a mais tétrica. No entanto há locais onde esse aspecto tétrico (sempre presente) é temperado por um claro aspecto regenerador. Aliás o culto dos mortos no paleolítico é ele próprio muitas vezes encarado muitas vezes como um momento culminante do processo de hominização. Se não fossem os cientistas a dizer que são só pedras e a condenar à inexistência as fadas e os espíritos que se esconderiam por entre as pedras ...

Enterros

Eu ainda um dia hei-de escrever um post sobre enterros:

Temas de dissertação:
* As pretas gravatas hipócritas
* Os funcionários que aproveitam para tirar dois dias de férias em honra do morto
* A campanha eleitoral para a Junta de Freguesia que continua no semitério (também ele obra da Junta de Freguesia)
* (last but not the least) o velório enquanto motivo para encontros sociais e mexericos sobre o morto (muito popular no interior do país, mas também visto em Lisboa)

Enfim Portugal nos seu melhor ...

1 de outubro de 2005

A mulher ideal...

(pela Morgan le Fay)

"... deve encerrar em si alguma contradição (ser cuidada mas descontraida; algo futil e o oposto; ser a tradicional fada do lar e companheira sexual...). Existe ao que parece momentaneamente. Ou seja, a mulher perfeita é a que se tem, mas pode deixar de ser a qualquer momento...

Isto foi o que retive da breve passagem, ontem, por um programa, estilo o brasileiro "Saia Justa", composto, no entando, por quatro homens.

Fora estas brilhantes conclusões, apenas há ainda a salientar as piadas machistas de um dos elementos presentes, que segundo o mesmo podem não o ser! Bem... ele que as experimente contar a uma mulher para ver a reacção..."

(Acrescentaria apenas que os homens se confrontam cada vez mais com o mesmo tipo de atitudes por parte de algumas mulheres.)

29 de setembro de 2005

Dúvidas existenciais masculinas

De um artigo que eu já citei anteriormente:

Se o pai conhece a criança e quer participar de sua educação, é recomendável que a mãe o permita, porém ao mesmo tempo regule sua presença. [...] Por esta mesma razão, as mães devem ter especial cuidado ao apresentar a seus filhos um eventual novo companheiro, porque se for algo passageiro, os expõem a viver uma nova perda.

Se a mãe não tiver o tal "cuidado ao apresentar a seus filhos um novo companheiro" o pai não terá o direito de intervir? Não se trata aqui de questionar a liberdade sexual das mães solteiras, divorciadas (ou mesmo casadas), trata-se de pedir uma certa separação de águas para com os filhos. (Eu bem sei que estas dúvidas existenciais masculinas revelam uma certa falta de decência pessoal, mas o que é que querem eu sou mesmo assim um gajo indecente.)

28 de setembro de 2005

O imperativo biológico feminino

Por qualquer razão que me transcende tendo a gostar de mulheres mais velhas. Tendo eu 27 anos isso significa que há um "problema" com que frequentemente me deparo é o do desejo de ser mãe. Esse desejo de ser mãe sobrepõe-se muitas vezes à busca de um parceiro.

Em casos extremos a mulher abdica do parceiro e apenas quer ser mãe solteira. Não é por ser homem que vou negar as barbaridades que alguns de nós cometem. Querer ser mãe solteira quando não se encontrou o parceiro que se deseja não é de facto egoísmo, eu chamar-lhe-ia um imperativo biológico.

Mas às vezes parece-me que o único pai (e por arrasto homem) que concebem é um pai ausente, um pai negligente. A minha pergunta é porque é que elas vêm as coisas assim? Que mal é que os homens lhes fizeram para verem as coisas assim?

Conheço uma autora inglesa que tem um romance onde um filho de uma mãe solteira arrasa a mãe. A autora pergunta-se porque é que este filho se indigna tanto com a mãe quando na hora H foi sempre ela que esteve lá e não o pai? Tive uma amiga minha que se encaixava perfeitamente neste perfil. Mas a minha análise é que o que lhe faltou a ela foi justamente um pai, um pai presente e afectuoso (e reparem que isto é possível mesmo quando pai e mãe resolvem separar caminhos, mesmo quando o filho fica com a mãe). Na minha perspectiva um pai presente e afectuoso para um filho do sexo masculino serve sempre como modelo. Para uma filha um pai afectuoso pode ser um poderoso contraponto contra os namorados mal comportados (que os há), a prova de que nem todos os homens são diabos.

[post originalmente publicado em 20 de Setembro de 2005 pelas 22h e 12 minutos]

27 de setembro de 2005

Das virtudes do amor ...

... a mais milagrosa e nobre é o perdão genuino.

Karl Popper, 100 anos depois da fórmula de Einstein

Há 100 anos Einstein descobria a famosa fórmula E=mc2. Einstein rapidamente se apercebeu das implicações tecnológicas e geopolíticas da sua descoberta. Ele sabia que a sua descoberta levaria à construção da Bomba Atómica.

A historia também não ajudou Einstein. Einstein era um amigo muito próximo de Haber que foi um dos grandes cientistas que contribui para o esforço de guerra Alemão durante a I Grande Guerra. Haber foi um fervoroso patriota Alemão durante a I Grande Guerra com o seu trabalho permitiu adiar o descalabro da Alemanha. Eintein sempre disse que não era um verdadeiro Alemão, a única coisa que o unia à Alemanha eram os seus amigos, incluindo Haber.

Quando as purgas nazis nas universidades alemãs começaram Haber optou por se converter do judaísmo ao cristianismo para preservar a sua posição, mas para ele as coisas estavam claramente a mudar, Haber ainda que convertido viu-se obrigado a emigrar para a Palestina.

A loucura do holocausto (cuja verdadeira dimensão poucos conheciam) e acima de tudo a brutalidade da II Grande Guerra tornaram óbvio que o que estava em questão era sério demais e a corrida ao armamento nuclear começou. Hiroshima aconteceu.

Karl Popper de origem austríaca e um profundo conhecedor da obra de Nietzsche começou a publicar os seus estudos filosóficos em língua inglesa em 1945, começando justamente pela parte política do seu trabalho.

A controvérsia com Nietzsche (o nome do filósofo raramente é referido) é sem dúvida fundadora para Karl Popper. Para Karl Popper a questão fundadora da filosofia é a questão do livre arbítrio e as suas implicações para a ética.

Quer Nietzsche quer Karl Popper sabiam que não podiam resolver o problema do livre arbítrio: o problema do livre arbítrio está minado de contradições. O livre arbítrio de um individuo numa questão verdadeiramente importante para este implica a supressão do livre arbítrio do outro.

Karl Popper sabia que o que estava em questão era demasiado importante, o sucesso do seu sistema filosófico dependia da questão do livre arbítrio. Defendeu o seu ponto de vista com uma inteligência impressionante. Profundo conhecedor da física moderna, sabia que a física determinista destruiria o livre arbítrio, este ultimo não é compatível com um mundo desenhado por um relojoeiro de Berna. A pressão posta sobre o seu sistema filosófico era enorme, era preciso reagir custasse o que custasse.

Karl Popper sabia que o poder da arma nuclear era imenso. Karl Popper sabia que a física das altas energias é por excelência o domínio de todas as conjecturas. Associou as duas coisas e conjecturou que o homem teria o poder de construir uma arma nuclear que libertaria energia suficiente para despoletar fenómenos a altas energias que o moderno conhecimento da física não permite descrever. Assim sendo, conjectura Popper, o homem tem ao alcance do seu livre arbítrio a fuga às leis da física tal como as conhecemos e a possibilidade de destruir o relógio de Berna.

Yes, I have read Nietzsche, I have been there, done that, I have got that shirt ...

Estou tão farto de citar Karl Popper ...

... que já não me atrevo a faze-lo explicitamente. Nesta matéria digamos que estou na fase de pregar aos peixes.

26 de setembro de 2005

Vao-se daqui embora porque isto e' um sonho ...

"... E, bruscamente entre dois penhascos o comboio rompeu ...
E tive medo. Pela primeira vez estremeci de medo ate aos limites da vida ... E entao desejei ardentemente, profundamente ficar. Mas era tarde ...
Espoliado abruptamente da minha infancia, aturdido de solidao, sentia-me quase bem dentro do choro. Inesperadamente, por entre a minha dor, eu descobria em mim o aceno de um passado ..."

Vergilio Ferreira, Manha Submersa

24 de setembro de 2005

A propósito de gravatas

A gravata é uma peça de roupa com a qual me dou muito mal, gosto imaginar que ou uma pessoa descontraída e a gravata não condiz com essa atitude.

A maior parte das vezes acabo por usar gravata para ir a casamentos - por sinal de respeito pelos noivos. As maior parte das vezes, nos dias que correm, pouco tempo depois da tal cerimonia engravatada recebo a notícia: "Eles divorciaram-se!". Ponho o ponto de exclamação porque para mim o divorcio é sempre uma derrota, e um falhanço.

Um spot publicitário que gracejava com o contraste entre o aprumo dos casamentos e a facilidade com que eles se desfazem nas sociedades contemporâneas era aquele anuncio do J&B que parodiava dizendo que a "tradição já não é o que era". Tratava-se ali de promover o álcool como instrumento facilitador da promiscuidade.

Sempre que vou a um casamento acabo a perguntar-me se ao aprumo dos noivos corresponde um real compromisso.

Eu vou explicar-te o que os teus leitores estão a sentir. Ainda te lembras do que sentiste quando o icosaedro parou de escrever?

22 de setembro de 2005

Eleições Cleptocráticas

(por Bruno Sena Martins)

Decisiva para uma candidatura eleitoral será sempre cobertura mediática que alcança. Pelas estratégias de marketing que por aí vamos assistindo poucas dúvidas restam: para ter como garante a atenção servil dos jornalistas o melhor mesmo é ser arguido num processo judicial. Isaltinos, Avelinos, Velentins e Felgueiras que o digam. Bem, mas, lá está, aqui começam as desigualdes a que já aludia Marx. Como nem todos têm acesso aos meios de produção dos crimes de colarinho branco -- para isso é preciso tomar o aparelho autárquico (não é automático, mas quase) -- as injustiças tendem a perpetuar-se. Contudo, os canditatos ainda-não-arguidos que careçam de processos para atrair a atenção dos media não deverão desesperar. Serenos. Poderão sempre partir umas montras, deixar o carro mal estacionado ou queimar a bandeira portuguesa. São crimes menores e sem o prestígio de outros, mas, enfim, todos candidatos-estrelas começaram por baixo. Os empreiteiros e os clubes da bola vêm depois.

(o que vai salvar isto ainda é o choque tecnológico)

Crónica feminina pela imortal Elis Regina

Me Deixas Louca
(letra de A. Manzanero obtida neste excelente cite)

Quando caminho pela rua lado a lado com você
Me deixas louca
E quando escuto o som alegre do teu riso que me dá tanta alegria
Me deixas louca
Me deixas louca quando vejo mais um dia pouco a pouco entardecer
E chega a hora de ir pro quarto e escutar as coisas lindas que começas a dizer
Me deixas louca

Quando me pede por favor que nossa lâmpada se apague
Me deixas louca
Quando transmites o calor de tuas mão pro meu corpo que te espera
Me deixas louca
E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
Me deixas louca

(obviamente isto tem muito mais piada cantado pela Elis, a vocalização daqueles haaaasss é para todos os efeitos fenomenal)

Nota do provedor do leitor

Foi pedida ao macho de serviço uma crónica masculina sobre essa entidade mítica que é o filho varão e a relação que se estabelece entre este e seu pai. Infelizmente o badameco irresponsável não se apresentou ao local de trabalho "por motivos de ordem pessoal e familiar" . Desculpas: deve andar no engate. Assim sendo e infelizmente temos que os deixar com mais um crónica feminina, à responsabilidade de Elis Regina.

Assim que o editor do blog voltar vou dar-lhe na tola a ver se ele muda a música do blog ...

para o Filipe Moura

(a propósito deste post dele)

Romaria

(letra de Renato Teixeira celebrizada por Elis Regina)


É de sonho é de pó
O destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó de gibeira
O giló dessa vida
Cumprida a sol
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida
O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
À custa de aventuras
Descasei, joguei
Investi, desisti
Se há sorte eu não sei nunca vi
Me disseram porém
Que eu viesse aqui pra pedir
De romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar

21 de setembro de 2005

Woman's hour - crónica feminina

(O Days of Angst orgulha-se do seu espírito de serviço público, especialmente com as leitoras do sexo feminino. Na crónica feminina de hoje vamos falar sobre as dificuldades das mães solteiras. O texto foi originalmente publicado na revista Padres OK, foi obtido via portal da família e foi produzido com a participação da psicóloga infanto-juvenil Patrícia Fernandes.)

São muitas as circunstâncias que levam uma mulher a enfrentar sozinha a criação de seus filhos.
Aquelas que depois de um bom tempo de vida matrimonial se separam, também sentem a obrigação de virar rapidamente a página e voltar a funcionar como família, apesar da perda do companheiro e da ausência do pai. No caso das mães solteiras, a dor de não poder compartilhar cotidianamente as penas e as alegrias da paternidade é igualmente intensa, porém logo se transforma em uma carga com a qual é preciso aprender a conviver.


A ausência do Pai

Segundo assinala Patrícia Fernandes, psicóloga infanto-juvenil com vasta experiência em temas de família, existe uma tendência muito acentuada [...] de que as mães procurem "apagar" a figura do pai do contexto familiar. "Há muito poucas mulheres que conseguem separar suas raivas e conflitos interiores e [... da relação com os seus filhos]", indica a psicóloga.

Como consequência, há uma alta porcentagem de crianças que não tem pais funcionando bem não só pela irresponsabilidade do próprio pai, senão que pelos efeitos da consciência da mãe. "As mamães devem ter claro que é muito importante a presença do pai na educação e formação dos filhos, especialmente nos filhos homens", explica Patrícia Fernández.

Se o pai está ausente da vida do garoto, é preciso proporcionar-lhe igualmente uma imagem paterna, porque isso lhe assegura um equilíbrio emocional e a possibilidade concreta de poder, no futuro, formar uma família. Um substituto masculino significativo para o menino pode ser algum de seus avós, [...] é preciso que exista uma clara disposição desse substituto de estabelecer um vínculo com o garoto mais além de seu parentesco ou relação inicial.

[...]

É importante evitar na criança a fantasia de que seu papai se foi porque não o queria ou que o que se sucedeu entre seus pais foi por culpa dele. Por isso, é necessário deixar-lhe claro que seu pai o ama, porém que, por distintos motivos não pode estar com ele.


Mães solteiras

[...]

Se o pai conhece a criança e quer participar de sua educação, é recomendável que a mãe o permita, porém ao mesmo tempo regule sua presença. É necessário proteger as crianças de relações não estáveis, e por isso não é conveniente que o pai apareça quando queira, senão que - para o beneficio da criança - participe de maneira constante.[...]


Mães separadas

[...]

No caso de uma separação matrimonial, a psicóloga recomenda que as mães se esforcem ao máximo para conseguir que o pai continue presente na vida dos filhos. Assim mesmo, esclarece que há casos em que os pais procuram estar perto dos filhos, porém se deparam contra um "muro" da mãe. "Muitas vezes os pais querem participar, mas as mães não o deixam ou condicionam as visitas ao pagamento da pensão alimentícia. No entanto, e se o pai em algum momento não puder pagar? A mãe vai expor a criança à ruptura com seu pai? As duas coisas não deveriam estar relacionadas porque assim se prejudica a estabilidade emocional das crianças", afirma a psicóloga.

[...]

Mães viúvas

Quando a causa da ausência do pai for a morte, é importante que as crianças tenham uma figura paterna que o substitua. Deste modo sabe que, além de levar a memória do pai no coração deles, tem alguém perto a quem recorrer quando precisar falar de homem para homem ou para jogar e aprender coisas que não poderiam fazer sozinhos ou com a ajuda da mãe.

Neste sentido, Patrícia Fernández diz que é muito importante o papel dos avós, já que se o menino tem a sorte de criar-se com algum deles, a dor de não ter seu pai por perto será muito mais tolerável. A psicóloga recomenda que neste caso a mãe se aproxime mais do seu pai ou do sogro e lhe peça - explicitamente - que participe de modo mais ativo na educação dos seus filhos.

[...]

A felicidade mútua


As mães que criam sozinhas as suas crianças e as crianças que crescem sem o pai delas, podem, de igual maneira às famílias normalmente constituídas, alcançar a felicidade. Porém, isto requer um trabalho de desenvolvimento pessoal consciente e constante por parte das mães, essas que devem estar permanentemente se interrogando a respeito da educação de suas crianças. Muitas mães os vêem como extensão delas mesmas, portanto, acabam exigindo que cumpram com as suas expectativas [...].

É benéfico que as mães tenham grupos de amigas e amigos que levem a cabo alguma outra atividade à parte de seu trabalho e que sempre estejam rodeadas de outras mães, para assim comparar o desenvolvimento de seu filho em relação aos dos outros. Deste modo, podem prevenir-se de transformar-se - produto da pressão e da solidão - em mães superprotetoras, omnipotentes e asfixiantes, e alcançar, tanto elas como seus filhos, a felicidade mútua.


(Estão prometidas para breve crónicas sobre contracepção feminina e o orgasmo feminino essa meta quase tão difícil de atingir como os 3% do défice.)

Produra-se supervisor para tese de doutoramento em sociologia

"Trolling can be described as a breaching experiment, which, because of the use of an alternate persona, allows for normal social boundaries and rules of etiquette to be tested or otherwise broken, without serious consequences. This may be part of an attempt to test the limits of some discourse, or to identify reactive personalities. By removing identities and histories from the situation, leaving only the discourse, some scientists believe that it is possible to run social engineering experiments using troll methods. However, few believe that troll organizations are engaged in science, and a few scattered individuals with no particular method or thesis cannot be described as scientists. They might however be engaged in research." da wikipedia

20 de setembro de 2005

A paichão do PCP pelos "direitos dos trabalhadores" é algo que me fascina

A ultima manifestação desta paichão é a defesa dos direitos dos trabalhadores da administração pública contra o "assalto" por parte do governo contra estes direitos. Será que o PCP não repara que estes privilégios são mantidos à custa dos impostos, incluindo os que são pagos pelos trabalhadores do sector privado que muitas vezes têm menos direitos que os trabalhadores da administração pública e pagam impostos na mesma? Será que o PCP não percebe que atitudes como estas podem ser consideradas como concessões demagógicas a um sector restrito embora numeroso do eleitorado?

Declaro solenemente que hoje é 1 de Março de 2006

(a menos que hajam razões extrablogosféricas para a ausência)

18 de setembro de 2005

Notícias

São Jorge caçou um dragão montado num cavalo de pau!

O dono do tasco informa (ao abrigo do direito de resposta)

Recebi com apreço as duas disposições regulamentares de 18 de Setembro de 2005.

Começando pela disposição regulamentar número II. No que respeita a questões do foro pessoal foi sempre isso que foi assumido pelo autor. No que respeita a questões académicas a política de links foi muito mais cautelosa (é de resto esta a prática corrente em meios académicos), justamente por causa das questões que levaram à publicação da disposição regulamentar número II.

No que respeita à disposição regulamentar número I:
1) Em matérias do foro estritamente pessoal foi sempre esse o pressuposto, sob o qual o autor agiu. As situações que levaram à publicação da disposição regulamentar número I são meros actos de impulsividade e desleixo a que a partir de agora se aplica a referida disposição regulamentar.
2) No que respeita a outras matérias o autor promete continuar a reflectir, aliás essa reflexão (por vezes silenciosa) já dura a seis meses.

o provedor do leitor informa (II)

É prática corrente deste pasquim publicar posts com links.

O proprietário(a) da página a que o post linka tem o direito inalienável de pedir ao autor do post que este seja eliminado . Caso tal pedido seja recebido é obrigação inalienável do autor do post eliminar o post na origem do protesto.

o provedor do leitor informa (I)

É prática corrente deste pasquim reproduzir no domínio público conversas que foram mantidas em privado.

O provedor do leitor informa que se a reprodução dessas conversas ocorrer de uma forma que possa identificar o outro interlocutor, o visado tem o direito inalienável de pedir ao autor do post que este seja eliminado. Caso tal pedido seja recebido é obrigação inalienável do autor do post eliminar o post na origem do protesto.

a política e as revoluções segundo sir Karl Popper

(O lopo num post que eu considero interessantíssimo e que já reproduzi aqui já discutiu estas questões, acho que no entanto vale a pena continuar a discussão à luz do caso inglês, ainda que eu seja apenas um leigo. Acrescentaria mais um leigo que não é propriamente "desinteressado".)

Diz-nos Karl Popper que o que causa as revoluções não é a busca de qualquer espécie de justiça, mas sim os conflitos de interesses e isto (ainda segundo Karl Popper) é já razão suficiente para as evitar. Essa é também uma boa razão para pensar duas vezes antes de mudar a lei.

É isso que é interessante no post do lopo, a defesa do jurista prudente.

Nessa matéria o caso inglês é paradigmático. Eles têm aquilo a que eles chamam uma constituição não escrita, e a sua muito amada magna carta.

É claro que a constituição deles está escrita, o que eles não têm é a nossa dualidade entre a constituição (texto fundamental) e a lei ordinária, com disposições muito específicas para a alteração da primeira. O que eles têm é a amada magna carta deles.

O que eles não contam às criancinhas deles é que a Magna Carta não surgiu à segunda feira de manhã porque o Rei João (esse fraco fã de Ricardo Coração de Leão e do Rei Artur) acordou com vontade de abdicar dos seus poderes (qual cavaleiro de pau), a Magna Carta surgiu porque os fidalgos ingleses (e só os fidalgos) quiseram criar um instrumento legal para mediar conflitos com o rei em sede de tribunal.

(Uma das quatro cópias da Magna Carta do tempo do rei João está exposta ao público na Biblioteca Britânica em Kings Cross)
(Vale a pena ler o artigo sobre a Magna Carta na wikipedia)

provérbios pós-modernos

se um diz mata o outro diz esfola

gostas do número 69?

Não confirmo nem desminto

Cavaleiro Andante (II)

Carlos Tê:
"Bom, Cavaleiro Andante tem a ver um pouco com a impossibilidade latente em cada um de nós, de sermos uma espécie de salvador de valores. Quer dizer, se as pessoas não se conseguirem salvar a si próprias, se não fizerem sempre um esforço para elas próprias atingirem qualquer coisa. Estão sempre à espera que venha um cavaleiro andante salva-las, e esse cavaleiro andante é sempre um cavalo de pau algures atrás deles."

Grad Gear

Cavaleiro Andante

(Carlos Tê / Rui Veloso)

Porque sou o cavaleiro andante
Que mora no teu livro de aventuras
Podes vir chorar no meu peito
As mágoas e as desventuras

Sempre que o vento te ralhe
E a chuva de maio te molhe
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe

Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde estou

Sempre que a rádio diga
Que a américa roubou a lua
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua

Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz

Podes vir chorar no meu peito
Longe de tudo o que é mau
Que eu vou estar sempre ao teu lado
No meu cavalo de pau

As "meninas" da qualidade

Dizia-me alguém em conversa de café no outro dia:
"Sabes, nós as meninas da qualidade somos consideradas umas burocratas."

É interessante como estes preconceitos atravessam transversalmente os vários sectores das sociedades.

A razão para tal desdém só pode ser uma, cooptar o julgamento das "meninas" da qualidade.

Quanto ao uso da expressão "meninas" remete-me também para outros problemas transversais das sociedades, problemas que aliás prevalecem de uma forma chocante nos meios em que me desloco de momento.

(ainda hei-de escrever um texto a mostrar como a revisão de papers científicos pelos pares é uma actividade meramente burocrática)

[a gerência não se responsabiliza pelas sucessivas alterações deste post]

17 de setembro de 2005

Fui hoje informado via Sky News que a Inglaterra ganhou o mais prestigiado torneio de ckricket, as cinzas

(Os ingleses inventaram o ckicket, mas cedo se habituaram a perder especialmente para os indianos.)


You scored as Boobs. You are attracted to: boobs. You're a boob guy/gurl!<



Boobs

83%

Butt

67%

Abs/Stomach

42%

Face

33%

Penis

0%


What Body Part Are You Attracted To?(pics)
created with QuizFarm.com

Sexo, Drogas e Rock 'n Roll: Versão Kate Moss

(click no link para saber mais - notícia da BBC)



Será possível fazer as pazes com os mortos em sonhos?

Tudo indica que não. No entanto os sonhos premitem-nos fazer as pazes com nós mesmos, o que (supostamente) nos permitirá dormir tranquilamente.

leituras cruzadas

[um post do Ivan Nunes a 15 de Setembro 2005 - um suposto email por ele recebido]

Não leve a mal o que lhe vou dizer, mas estive a assistir a um programa de televisão, uma entrevista que a Ana Drago deu ao Pedro Rolo Duarte na Sic-mulher, e foi uma experiência arrepiante, freakish, porque me fez lembrar de si. Para ser sincero, achei que estava a assistir à reincarnação daquele rapaz que apareceu aí há uns dez anos na Política XXI. São ambos muito bem articulados na maneira de falar, com um certo ar de novidade e falam com um contentamento um pouco excessivo. Não é que digam grandes disparates, mas nota-se que as ideias estão um bocado coladas com cuspo. Talvez nem acreditem em tudo o que dizem, a última coisa que leram ou lhes entrou pelo ouvido; mas «funciona bem em televisão», é escorreito, permite agradar aos media. Acho que no geral até são bem-intencionados e, como digo, nem tudo o que lhes ouço é tolice. Quer-me até parecer que às vezes lhes encontro uma certa inclinação para a ironia. [...]
Será que há uma fábrica onde estes jovens são produzidos? Estive a ver com atenção, e o vosso percurso tem semelhanças incríveis. Não é só serem evidentemente os dois de Lisboa, calculo que de meios sociais parecidos: foram ambos para Coimbra fazer teses em sociologia, ambos sob orientação de Boaventura Sousa Santos; ambos cairam sob a sombra política do Francisco Louçã e a orientação mais directa do Miguel Portas (o que é chato, sem ser trágico). E ambos, reparei agora, começaram no mesmo programa de televisão, «Lentes de Contacto», uma coisa para adolescentes e feita por adolescentes no segundo canal do início dos anos 90, embora não ao mesmo tempo, porque creio que você é um bocado mais velho.
Eu tinha uma certa simpatia por si, tanto que cheguei a votar na Política XXI (também, eram umas eleições sem importância nenhuma, não se decidia nada). Mas, de certa maneira, para dizer com franqueza até simpatizo mais consigo por ter desaparecido. Suspeito que deve ter reparado que ser criatura dos media não é vida para ninguém, um boneco articulado a papaguear entretenimento sob a forma de discurso político; e lá foi à sua vida. Para ser uma celebridade, só se for em grande estilo, tipo Scarlett Johansson, Jude Law ou Pimpinha Jardim (desculpe: houve aqui interferência de uma parte do cérebro que devia estar a descansar). Mas você, na política, como celebridade não chega nem para entrar na Quinta; e, para isso, mais vale estar em casa, levar a sua vida, sossegadinho.


[uma post do Ivan Nunes a 27 de Julho de 2003]
"De todos os meus heróis, e tenho vários, nenhum, salvo o meu avô, é maior do que o Calvin.
Lembro-me quando o vi pela primeira vez, num dos números zero do Público, e não achei graça, provavelmente porque nos jornais a que eu estava habituado - o Diário de Notícias, O Independente, o Expresso - não havia comics, e também porque a primeira tira, em que o encontro do Calvin e do Hobbes é relatado, assenta basicamente num nonsense que, sem conhecer ainda os personagens, não é fácil de entender.
Em que reside o génio extraordinário do Calvin como cartoon? Parece-me que é essencialmente no facto de ser a expressão de uma cabeça só que se manifesta na forma de dois personagens. O que superficialmente aparece como "histórias", como descrições de acontecimentos supostamente "reais", é a representação de movimentos internos de uma cabeça, na dupla forma de Calvin e de Hobbes. A existência de Calvin com o seu alter-ego Hobbes permite um grau de loucura ao primeiro que seria paranoica sem o contraponto do segundo. É provavelmente a mistura de megalomania do Calvin com a auto-ironia corporizada no alter-ego Hobbes, acrescentada ainda de um entusiasmo inexcedível pelas coisas e alguns raros momentos de descarada ternura que faz do Calvin um herói tão fantástico. É isso tudo, e ainda a forma, que pode não se ver se não se quiser ver, como o universo adulto e o universo infantil se misturam, como nesta tira, ou nesta, ou nesta.
O Mas a última tira é tão notável, tão brilhante, tão entusiasmante, que, mesmo referindo-se ao fim, é até hoje das minhas preferidas. Como não consigo copiá-la para aqui, não me resta senão fazer o link."


[ainda o Ivan Numes, a 4 de Janeiro de 2004]

Passam este ano dez anos desde que fui cabeça-de-lista da Política XXI ao Parlamento Europeu. Tenho curiosidade de ir ver as cassetes de video das minhas aparições televisivas, com a pele lisinha, a barba bem aparada e um bocado mais de cabelo. No entanto, os sentimentos que essas coisas me despertam são sempre muito contraditórios. Por um lado, tenho simpatia pelo personagem que era eu. Por outro, a televisão, e sobretudo a campanha política, desencadeia uma série de tiques que me desagradam. Uma forma de resumir estes tiques é dizer que a própria expressão corporal das pessoas na televisão é chegada para a frente: muito tensas, como se estivessem muito alerta, muito dispostas a cumprir um papel. Uma parte das coisas que eu dizia era, necessariamente, bluff: um político é suposto ter opiniões sobre todos os temas, e quando não tem prepara-se para inventar, e depois já nem precisa de se preparar porque a invenção lhe sai espontânea. Lembro-me que nas últimas sessões de campanha o discurso já me saía completamente engatilhado - tinha resposta para tudo.
[...]
Quando entrei para o estúdio já estava certamente um bocado irritado. A jornalista, a malograda Dina Aguiar, resolveu fazer perguntas sobre política aos dois crescidos e, quando chegou a mim, disse qualquer coisa do género: «Então? Tão novo?». Aí saltou-me mais ou menos a tampa, tratei-a mal, disse-lhe que a pergunta era estúpida ou coisa parecida e que eu já estava atrasado três anos, estava na plena posse dos meus direitos políticos desde os 18. Na altura tratar mal a Dina Aguiar pareceu-me realmente a melhor coisa que eu podia ter feito, porque discutir política num terço de sete minutos com outros dois candidatos escolhidos ao acaso era coisa que não poderia ter feito.

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